Cobertura vacinal contra covid-19 em crianças é alarmantemente baixa

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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O alerta foi emitido pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância)

A cobertura vacinal completa contra a covid-19 em crianças é preocupantemente baixa, com apenas 11,4% dos jovens com menos de 14 anos recebendo as três doses necessárias do imunizante. O alerta foi emitido pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), uma colaboração entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Faculdade de Medicina de Petrópolis.

Desde 2023, a vacina da covid-19 está disponível para crianças a partir de 6 meses de idade, com um esquema vacinal completo composto por três doses. No entanto, o boletim Observa Infância aponta que a aplicação do imunizante diminui com a idade. Na população adulta, 14,9% completaram o ciclo de quatro doses da vacina.

Entre as crianças de 6 meses a 2 anos, 14,2% receberam duas doses e apenas 6,3% completaram o ciclo de três doses. Para crianças de 3 a 4 anos, 23,1% receberam duas doses e apenas 6,7% completaram a cobertura vacinal. Entre as crianças de 5 a 11 anos, pouco mais da metade (56%) recebeu duas doses, enquanto apenas 12,8% receberam as três doses necessárias.

O boletim também traz dados sobre mortes de crianças com covid-19 para enfatizar a eficácia da vacina. Em 2021, houve 118 mortes de crianças de até 14 anos, representando 38,3% do total de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na faixa etária. Em 2022, esse número aumentou para 326, equivalendo a 47,1% das mortes por SRAG. Em 2023, quando a vacina já estava disponível para crianças a partir de 6 meses de idade, o número de mortes caiu para 50, representando 24,5% do total de óbitos por SRAG. Em 2024, o número foi praticamente o mesmo, com 48 mortes, representando 32,4% dos casos de morte por SRAG.

Para a Fiocruz, esses números indicam a eficácia da vacinação, que precisa ser intensificada. Segundo os pesquisadores, a persistência no número de mortes entre 2023 e 2024 pode estar diretamente associada à baixa cobertura vacinal.

“Apesar da diminuição observada entre 2022 e 2023, a relativa estabilidade dos números de óbitos em 2024 é preocupante, sublinhando a necessidade urgente de esforços concentrados para aumentar a cobertura vacinal entre crianças e adolescentes, como uma estratégia chave para combater efetivamente a disseminação do coronavírus e proteger os mais jovens das formas graves da doença”, afirma o boletim.

Cristiano Boccolini, coordenador do Observa Infância, alerta: “Temos uma vacina segura, eficiente e disponível em todos os municípios. Precisamos usar o recurso que temos para garantir a saúde das crianças, especialmente em um cenário desfavorável com a circulação de outras doenças perigosas, como a dengue”.

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