Se o presidente Joe Biden cumprir sua promessa de sancionar a proibição do TikTok por causa de seus laços com o governo chinês, o presidente de 81 anos pode roubar de sua campanha a reeleição uma plataforma na qual ele e seus colegas democratas confiam para alcançar os eleitores mais jovens.

A campanha de Biden obteve milhares de “curtidas” na terça-feira por um vídeo do TikTok criticando o rival republicano Donald Trump sobre o corte de gastos com a Previdência Social.

Mas os comentários centraram-se em outra questão: a proibição da rede social.

“Que bom que vimos isso no TikTok”, disse um deles. “Como você vai usar isso para fazer campanha se banir?”, perguntou outro.

Os republicanos da Câmara votaram na quarta-feira para forçar o proprietário chinês do TikTok, a empresa ByteDance, a abrir mão de seu negócio de 170 milhões de usuários nos EUA, ou enfrentará uma proibição.

Se o Senado aprovar o projeto, como pede a Casa Branca, Biden prometeu assiná-lo.

Mas a campanha de 2024 parece estar próxima, e o discurso político virtual dos EUA, de tendência democrata, mudou para o TikTok nos últimos anos, dizem estrategistas políticos.

Eles observam que o X(antigo Twitter) reduziu as restrições ao assédio sob o comando do proprietário Elon Musk, enquanto o Facebook se afastou do conteúdo político, enquanto a plataforma de vídeos curtos é a preferida de uma nova geração de americanos politicamente engajados.

Os usuários do TikTok pertencem desproporcionalmente a grupos que votam de forma confiável nos democratas, o que Biden precisa cortejar. A campanha de Trump não possui uma conta oficial no TikTok.

Aproximadamente 60% dos consumidores regulares de notícias do TikTok nos EUA são democratas ou com tendência democrata, de acordo com um estudo de 2023 do Pew Research Center.

Dezenove por cento dos consumidores de notícias do TikTok são negros e 30% são hispânicos, contra cerca de 14% e 19% da população geral dos EUA, respectivamente.

Cerca de 44% dos consumidores de notícias no TikTok têm entre 18 e 29 anos.

Banir o TikTok correria o risco de “desviar uma grande parte do eleitorado da capacidade de se comunicar de maneira significativa sobre política em um momento em que uma eleição altamente controversa está prestes a ocorrer”, disse Samuel Woolley, professor de jornalismo e diretor do laboratório de pesquisa em propaganda da Universidade do Texas.

Uma proibição tiraria dos jovens eleitores o “aplicativo de rede social favorito, onde eles recebem notícias, onde seguem suas pessoas favoritas, onde se divertem, onde basicamente podem escapar”, disse o Dr. Anthony Youn, cirurgião plástico com 8,4 milhões de seguidores do TikTok.

A medida é a mais recente de uma série de medidas em Washington para responder às preocupações de segurança nacional sobre a China, desde veículos conectados à inteligência artificial e guindastes nos portos dos EUA.

“Esta é uma questão crítica de segurança nacional”, disse o republicano número 2 da Câmara, Steve Scalise, na plataforma X.

O TikTok nega compartilhar quaisquer dados de usuários com a China e diz que a proibição privaria os americanos de seu direito constitucional à liberdade de expressão.

Telefones para TikTok
A campanha de reeleição de Biden entrou para o TikTok em fevereiro, usando o Super Bowl para lançar sua nova conta para alcançar os eleitores jovens antes da eleição presidencial em novembro.

A conta da campanha, @BidenHQ , tinha 237.500 seguidores em 13 de março, enquanto @thedemocrats tinha mais de meio milhão.

A Casa Branca informou mais de 70 influenciadores e criadores de conteúdo no TikTok e outras plataformas de mídia social, com um público combinado de mais de 100 milhões de seguidores, sobre tópicos como dívida estudantil e questões econômicas antes do discurso do presidente sobre o Estado da União para amplificar sua mensagem.

“Não estamos preocupados com o impacto” de uma proibição nas chances de reeleição de Biden, disse um alto funcionário da Casa Branca.

“Há muitas reviravoltas antes que qualquer coisa acabe acontecendo aqui”, porque Trump se opõe ao projeto de lei, e o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, não se comprometeu a trazê-lo ao plenário.

Um segundo funcionário da Casa Branca disse: “As preocupações com a segurança nacional superam o que qualquer pessoa está sentindo”.

“O presidente não está pensando na segurança nacional com base nas avaliações dos usuários sobre se estão felizes ou não no TikTok ou em qualquer outra plataforma”, disse o funcionário.

Os funcionários federais estão proibidos de ter o TikTok em seus telefones, portanto, os funcionários do governo de Biden não estão autorizados a ter o aplicativo em seus telefones comerciais.

Os funcionários da campanha de Biden não são empregados do governo e não lidam com questões de segurança nacional, por isso podem ter o TikTok em seus telefones, disse uma fonte informada sobre o assunto.

Mas a maioria dos funcionários de campanha que mantêm contato frequente com a Casa Branca têm dois telefones. Apenas um se envolve com o TikTok para isolar o uso do aplicativo de outros fluxos de trabalho e comunicações, incluindo e-mails, disse a fonte.

A Casa Branca já havia citado preocupações sobre a preservação de dados do TikTok e o potencial uso indevido desses dados e informações de privacidade por atores estrangeiros. “Estamos tomando as precauções de segurança necessárias para garantir que nenhum dado caia em mãos erradas”, disse o comunicado. disse a fonte.

A campanha tenta alcançar as pessoas “onde elas estão”, acrescentou a fonte. “Veremos o que acontece no Senado e estamos longe de qualquer decisão sobre isso. É um modo de esperar para ver para todos.”

Fonte- CNN