Eleições na Rússia: Manifestantes derramam tinta e ateiam fogo em urnas

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Vários russos derramaram tinta em urnas em protesto durante o início da eleição presidencial na Rússia. Especialistas apontam que é quase certo que o pleito dará um quinto mandato a Vladimir Putin.

A dissidência foi proibida na Rússia desde que o país deu início à invasão da Ucrânia, há mais de dois anos.

Vídeos divulgados nesta sexta-feira (15) de vários locais de votação em toda a Rússia mostraram manifestantes derramando nas urnas o que as autoridades descreveram como corante para estragar os votos expressos.

Um vídeo de câmeras de segurança de uma seção eleitoral em Moscou mostrou uma jovem derramando o que parecia ser tinta verde em uma urna eleitoral.

Ela foi imediatamente detida e enfrenta acusações criminais por obstruir as eleições, segundo a mídia estatal russa RIA Novosti.

As urnas foram abertas nesta sexta-feira (15), no horário local, nos 11 fusos horários da Rússia. Com a maioria dos candidatos da oposição mortos, presos, exilados, impedidos de concorrer ou simplesmente tendo números simbólicos, espera-se que Putin chegue à vitória, prolongando o seu governo até pelo menos 2030.

Embora o resultado da eleição não esteja em dúvida, é importante para o Kremlin que esse ritual corra bem, com poucas manifestações contrárias.

Mas, mesmo assim, os eleitores organizaram protestos semelhantes nas regiões de Voronezh, Rostov e Karachay-Cherkessia, segundo Alena Bulgakova, presidente da Câmara Cívica Russa.

Bulgakova alegou que a simultaneidade dos incidentes era evidência de uma “provocação deliberada e organizada”.

Protestos em outros locais de votação
Em Moscou, uma mulher foi presa depois de atear fogo a uma cabine de votação. Autoridades disseram à RIA que as cédulas não foram danificadas e a votação continuou.

Em São Petersburgo, cidade natal de Putin, uma mulher jogou um coquetel molotov na placa de uma seção eleitoral no distrito de Moskovsky, informou a RIA. O fogo foi rapidamente extinto e não houve feridos, segundo as autoridades.

Ella Pamfilova, presidente do Comitê Eleitoral Central da Rússia, chamou os manifestantes de “escória” e afirmou, sem provas, que vários dos que derramaram líquido nas urnas foram pagos para fazer isso.

O governo russo alega frequentemente que os atos de dissidência política são “provocações” pagas, em vez de atos genuínos de protesto.

A tinta verde tem sido usada em ataques a jornalistas russos e figuras da oposição, principalmente ao falecido crítico do Kremlin, Alexei Navalny, o adversário mais formidável de Putin.

Depois de realizar grandes protestos antigovernamentais em 2017, Navalny sofreu um ataque com uma substância que deixou sua pele verde e danificou a visão no olho esquerdo.

Navalny morreu em uma prisão no Ártico há um mês. O serviço penitenciário da Rússia ressaltou que ele “se sentiu mal depois de uma caminhada” e perdeu a consciência, atribuindo posteriormente sua morte a causas naturais. O Kremlin negou qualquer envolvimento na sua morte.

A viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, apelou aos russos para protestarem contra a “falsa” eleição presidencial e comparecerem coletivamente no último dia de votação, no domingo (17) ao meio-dia, como uma demonstração de oposição.

Fonte- CNN

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