Simulador de voo permite denunciar desmatamento e garimpo ilegal na Amazônia
Em ação da Greenpeace, “Flying Guardians” é um mod dentro do Microsoft Flight Simulator que permite ao usuário usar o simulador como uma ferramenta ambiental.
O desmatamento na Amazônia é uma preocupação global e o Brasil está entre os países que mais consome jogos eletrônicos. Esses dois fatos podem não se relacionar, mas uma iniciativa dentro de um dos maiores simuladores de voo do mundo pretende mudar o cenário literalmente.
O Flying Guardians é uma modificação no Flight Simulator, da Microsoft, que permite sobrevoar a Floresta Amazônica e encontrar pontos de garimpo ilegal e desmatamento, especialmente nas terras indígenas Yanomami e Munduruku, e denunciá-los.
Jorge Dantas, porta-voz de povos indígenas no Greenpeace, contou que “90% do garimpo ilegal na Amazônia se concentra nas terras Yanomami, Munduruku e Kayapó”. Segundo a própria ONG, a atividade devastou uma área de 1.409 hectares nesses territórios em 2023, o equivalente a quatro campos de futebol por dia.
Com a intenção de trazer foco para essa realidade na Amazônia, o Greenpeace se uniu à agência AlmapBBDO, idealizadora do projeto, e ao Planet Labs, empresa que obtém imagens de satélite da Terra diariamente.
“A ideia é que os jogadores possam sobrevoar esses dois territórios e ver a ocorrência do desmatamento e garimpo em tempo real”, explicou Jorge. Assim, o usuário consegue usar o simulador como uma ferramenta ambiental, sem perder a experiência imersiva de sobrevoar qualquer lugar do mundo.
Para Anderson Silva, especialista em simulador de voos que esteve envolvido no projeto, o Flying Guardians criou uma espécie de missão aos usuários, que antes não exploravam a região por não haver nenhum tipo de interação no local.
Anderson, explica que qualquer pessoa pode usar o simulador de voo e o mod, mas “primeiro é preciso aprender, porque se a pessoa não souber nada, o avião cai. Tem o nível básico, mediano, realista. E existe um copiloto para controlar (a aeronave) nesses primeiros momentos”.
Na simulação, os jogadores podem acessar quatro torres de comando para informar as coordenadas geográficas de destruição nos territórios Munduruku e Yanomami, além de comandos para assinar o abaixo-assinado Amazônia Livre de Garimpo.
O mod Flying Guardians é uma plataforma a parte do simulador, é preciso instalar as duas ferramentas, de forma gratuita, no computador.
A diretora de criação da Almap Deborah Vasques, explicou que “a Amazônia é quase um imagético em boa parte da população brasileira seja pela distância física, por questões territoriais, pela dificuldade de explorar a região ou por acharem que pautas ambientais estão distantes. O que a gente fez foi usar um jogo de uso recorrente e possibilitar que as pessoas se tornem testemunhas reais do que está acontecendo”.