Ataque direto do Irã a Israel altera dinâmica do conflito no Oriente Médio
O ataque direto, sem o uso de intermediários, evidencia uma nova postura iraniana
O recente ataque do Irã a Israel marca uma mudança significativa na dinâmica do conflito no Oriente Médio, com potencial para uma escalada de tensões na região. O ataque direto, sem o uso de intermediários, evidencia uma nova postura iraniana.
“O que aconteceu ontem muda a situação do Oriente Médio”, afirma Michel Gherman, professor do Departamento de Sociologia e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O Irã ataca diretamente Israel”, acrescenta.
Segundo Gherman, o ataque marca um reposicionamento do Irã na região, colocando-se frente a frente com Israel e, em algum sentido, preparando-se para uma possível guerra regional.
No início do mês, aviões de combate supostamente israelenses bombardearam a Embaixada do Irã na Síria, matando sete conselheiros militares iranianos e três comandantes seniores. Em retaliação, neste sábado (13), o Irã atacou o território israelense com mísseis e drones, em grande parte interceptados pelas forças de defesa israelenses.
Rashmi Singh, professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), destaca a importância de contextualizar o ataque. “O Irã não está fazendo isso do nada, é uma retaliação do bombardeamento do consulado em Damasco, que foi uma coisa muito inaceitável em termos de normas internacionais”, diz.
Singh, que também é codiretora da Rede de Pesquisa Colaborativa sobre Terrorismo, Radicalização e Crime Organizado, chama atenção para a falta de resposta do Conselho de Segurança das Nações Unidas em relação ao ataque feito por Israel. “Isso já foi um problema em termos de a resposta do Ocidente, do Norte Global, que nós estamos vendo claramente, que não está tratando o conflito Oriente Médio de forma equilibrada”, enfatiza.
Bruno Huberman, pesquisador e professor do curso de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), acrescenta que o ataque do Irã respeitou as normas internacionais. “O Irã faz essa resposta previsível, essa informação já tinha sido vazada na sexta-feira, nos jornais, que isso poderia acontecer. E esse ataque do Irã, ele respeita o direito internacional”, avalia.