Boeing e Nasa retomam plano de lançar nave espacial tripulada

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Missão está programada para decolar da Flórida em maio e deve levar dois astronautas da Nasa para a Estação Espacial Internacional.

Depois de anos de atrasos e uma série vertiginosa de contratempos durante os voos de teste, a espaçonave Starliner da Boeing está finalmente pronta para fazer seu lançamento inaugural tripulado.

A missão está programada para decolar da Flórida no dia 6 de maio, levando os astronautas da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) Suni Williams e Butch Wilmore para a Estação Espacial Internacional (ISS), marcando o que poderia ser uma vitória histórica e há muito esperada para o programa Starliner.

“Projeto e desenvolvimento são difíceis, especialmente com um veículo espacial humano”, disse Mark Nappi, vice-presidente e gerente do programa Starliner na Boeing, durante uma coletiva de imprensa. “Houve uma série de surpresas ao longo do caminho que tivemos que superar. Certamente tornou a equipe muito, muito forte. Estou muito orgulhoso de como eles superaram cada problema que encontramos e nos trouxeram até este ponto.”

Oficiais da Boeing e da Nasa tomaram a decisão na quinta-feira de seguir em frente com a tentativa de lançamento em menos de duas semanas. No entanto, Ken Bowersox, administrador associado do Diretório de Missões de Operações Espaciais da Nasa, observou que 6 de maio “não é uma data mágica”.

Se bem-sucedido, o Starliner se juntará à espaçonave Crew Dragon da SpaceX para fazer viagens rotineiras à estação espacial, mantendo o posto avançado em órbita totalmente equipado com astronautas da Nasa e de suas agências parceiras espaciais.

Tal cenário com Crew Dragon e Starliner voando regularmente, é algo que a agência espacial dos Estados Unidos espera há muito tempo.

“Isso é história em construção”, disse o administrador da Nasa, Bill Nelson, sobre a próxima missão Starliner durante uma coletiva de imprensa em 22 de março. “Estamos agora na era dourada da exploração espacial.”

A SpaceX e a Boeing desenvolveram seus respectivos veículos sob o Programa de Tripulação Comercial da Nasa, uma parceria com contratantes da indústria privada. Desde o início, a agência espacial pretendia ter ambas as empresas operando ao mesmo tempo. As espaçonaves Crew Dragon e Starliner serviriam como reserva uma da outra, dando aos astronautas a opção de continuar voando, mesmo que problemas técnicos ou outros contratempos aterrassem uma espaçonave.

No entanto, a Nasa não previu inicialmente que o Crew Dragon da SpaceX operasse sozinho por quase quatro anos antes do Starliner da Boeing atingir seu primeiro voo de teste tripulado.

Nos primeiros dias do programa, que concedeu contratos à SpaceX e Boeing em 2014, a Nasa favoreceu a Boeing, uma parceira próxima desde meados do século 20, em relação à SpaceX, que a agência federal via como uma startup relativamente jovem e caprichosa.

Em 2016, a Nasa planejava seu cronograma esperando que o Starliner chegasse à plataforma de lançamento antes do Crew Dragon.

Mas a corrida entre Boeing e SpaceX mudou de rumo em 2020. Erros marcaram o voo de teste do Starliner no ano anterior, deixando a Nasa e a Boeing lutando para descobrir o que deu errado. O Starliner não se conectou à estação espacial naquela missão devido a problemas de software, incluindo uma falha no relógio interno da espaçonave, que estava 11 horas adiantado.

Enquanto isso, a SpaceX fez história em maio de 2020 com o lançamento do voo de teste Demo-2, levando os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley em uma missão de dois meses para a Estação Espacial Internacional.

Desde então, a Crew Dragon da SpaceX vem realizando voos rotineiros, transportando astronautas da Nasa e até mesmo pagantes e turistas. A espaçonave já realizou 13 missões tripuladas à órbita.

A Boeing, no entanto, passou vários anos enfrentando uma série de desafios, incluindo uma lista de problemas descobertos em 2022 durante o segundo voo de teste não tripulado da espaçonave. A divisão de aviões comerciais da Boeing também enfrentou uma série de escândalos, incluindo a crise do 737 Max e os recentes problemas de controle de qualidade destacados após uma porta explodir durante um voo da Alaska Airlines em janeiro que prejudicaram a imagem da empresa.

Em 2020, funcionários da Nasa admitiram que, em certo momento, passaram a focar mais na SpaceX e seus métodos pouco ortodoxos, enquanto os problemas com o Starliner da Boeing passaram despercebidos.

“Talvez não tivéssemos tantas pessoas envolvidas nesse processo quanto deveríamos”, disse Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, em uma coletiva de imprensa em julho de 2020.

“Quando um fornecedor (SpaceX) tem uma abordagem mais nova do que outro, é natural que um ser humano passe mais tempo nessa abordagem mais nova, e talvez não tenhamos dedicado o tempo necessário à abordagem mais tradicional (da Boeing).”

A divisão espacial da Boeing opera separadamente de sua equipe de aviões comerciais, e as autoridades da Nasa e da gigante aeroespacial dos EUA rotineiramente buscam fazer essa distinção.

Funcionários da Nasa também deixaram claro que estão trabalhando mais próximos da Boeing do que nunca, com pessoal em terra nas instalações da Boeing supervisionando algumas das correções implementadas pela empresa antes do próximo voo do Starliner.

Durante o último voo de teste em 2022, por exemplo, os engenheiros descobriram que as linhas de suspensão do paraquedas do Starliner tinham um limite de falha menor do que o esperado inicialmente.

A Nasa e os engenheiros da Boeing testaram uma correção para esse problema no início deste ano, mas os paraquedas permanecerão como prioridade máxima enquanto eles trabalham em algumas verificações de última hora antes da decolagem, disse Stich na quinta-feira.

Também foi descoberto que algumas fitas usadas para proteger chicotes de fiação eram inflamáveis, e a Boeing teve que remover e substituir cerca de 1,6 quilômetro desse material, de acordo com Nappi.

A Boeing pode até precisar implementar um redesenho de algumas das válvulas da espaçonave devido a problemas de corrosão. Essa atualização, no entanto, não deve estar em vigor até o segundo voo tripulado, programado para 2025, no mínimo.

No voo inaugural tripulado de maio, a Boeing usará uma “mitigação perfeitamente aceitável” que deve impedir que as válvulas emperrem.

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