A proposta sugere alterações na Constituição que podem mudar o curso da gestão e propriedade dos terrenos de marinha

Na manhã deste domingo, a praia de Ipanema foi palco de um ato cívico significativo. Cidadãos preocupados se reuniram na zona sul do Rio de Janeiro para expressar seu descontentamento e preocupação com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2022, apelidada de “PEC das Praias”. A proposta, que já passou por duas votações na Câmara dos Deputados e agora está sob análise no Senado Federal, sugere alterações na Constituição Federal que podem mudar o curso da gestão e propriedade dos terrenos de marinha.

Os manifestantes, armados com cartazes e slogans como “a praia é do povo”, não só vocalizaram sua oposição mas também coletaram assinaturas em uma tentativa de barrar a proposta. Em um ato simbólico, eles isolaram uma seção da areia de Ipanema com fita preta e amarela, representando a potencial “privatização” das praias brasileiras.

Carlos Minc, deputado estadual pelo PSB-RJ e ex-ministro do Meio Ambiente, destacou-se entre os organizadores do protesto, condenando a PEC como um “horror” que transferiria vastas extensões de território público para mãos privadas. Minc enfatizou os impactos negativos da proposta, tanto ambientais quanto sociais, alertando sobre a vulnerabilidade da faixa costeira e os riscos associados ao aumento do nível do mar.

A preocupação também é compartilhada pelos pescadores locais, como Cláudio Nei, que teme pela sua subsistência caso a PEC seja aprovada. A possibilidade de perder o acesso às áreas de pesca representa uma ameaça direta ao seu meio de vida e ao de muitos outros na comunidade de Sepetiba.

O protesto em Ipanema reflete um sentimento nacional de resistência à privatização das praias, um recurso natural que muitos brasileiros consideram não apenas um patrimônio, mas um direito de todos. A “PEC das Praias” permanece um tópico quente de debate, com implicações que vão além das areias douradas do Rio e tocam o coração da identidade e cultura brasileira.