Autores negros podem concorrer a prêmio com romances inéditos

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O resultado será anunciado em setembro, e o livro vencedor será publicado em 2025

Novos autores negros têm uma chance imperdível de verem seus romances inéditos publicados por uma grande editora. O Prêmio Pallas de Literatura 2024, com inscrições prorrogadas até as 15h do dia 5 de julho, oferece essa oportunidade. O resultado será anunciado em setembro, e o livro vencedor será publicado em 2025, ano em que a editora comemora meio século de existência.

“Você ter um livro publicado por uma editora grande não é fácil, principalmente em termos de Brasil. Então, é uma oportunidade bem legal”, afirma Henrique Rodrigues, curador do prêmio.

A iniciativa visa descobrir novos talentos negros e proporcionar-lhes a primeira oportunidade de publicação no Brasil, na mesma casa editorial de renomados autores como Conceição Evaristo, Nei Lopes, Eliana Alves Cruz, Ondjaki, Teresa Cárdenas, Raul Lody, Cidinha da Silva, Joel Rufino dos Santos e Clarice Fortunato, entre outros.

Para participar, os candidatos não podem ter nenhum romance publicado, sendo o prêmio voltado exclusivamente para autores inéditos nessa categoria literária. “Tem que ser o primeiro romance dessa pessoa”, destaca Henrique Rodrigues. As obras inscritas devem ter entre 120 mil e 500 mil caracteres, incluindo espaços, e ser enviadas em formato PDF.

“A gente recomenda que as pessoas leiam bem o edital para não ter obra invalidada.”

Podem se candidatar brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil, autodeclarados negros (pretos e pardos, conforme o Estatuto da Igualdade Racial), com idade a partir de 18 anos. Os originais devem ser anexados ao formulário disponível no site da editora.

A inscrição deve ser anônima, sem qualquer identificação do autor, para garantir uma avaliação imparcial focada exclusivamente na qualidade literária da obra. “Não pode ter nenhum nome. É só o título do livro e o texto.”

Henrique Rodrigues ressalta que esse modelo torna o prêmio mais democrático e acessível. “Quem vai avaliar não sabe quem escreveu, se é homem, mulher, trans, queer, se é novo, se é velho. É um modelo muito democrático porque o critério de avaliação é a qualidade do texto.” A temática é livre e não precisa necessariamente abordar questões identitárias de negritude.

Além de ter seu livro publicado pela Pallas Editora, o vencedor receberá direitos autorais sobre as vendas, como ocorre com autores profissionais. “Ele vai ser colocado na cena literária e tratado como os outros escritores normalmente são”, explica Rodrigues.

O ganhador também receberá uma mentoria com o próprio Henrique Rodrigues, abordando aspectos da cena literária brasileira, participação em eventos, a necessidade de um agente literário, e estratégias de divulgação nas redes sociais.

Para Mariana Warth, que atua há 23 anos na editora fundada por seu avô, Antonio Carlos Fernandes, comemorar 50 anos significa celebrar a “consolidação de um trabalho de recuperação dos saberes afro-brasileiros e afrodescendentes e da visibilidade de autores, pesquisadores e ilustradores que trabalham com essa temática, valorizando a contribuição dos africanos que aqui chegaram e construíram esse país e que são sub-representados nos espaços de poder e na produção intelectual”.

Desde 2003, a Pallas é dirigida por Cristina Fernandes Warth, mãe de Mariana. Ela destaca que o prêmio traz frescor e mobiliza tanto autores quanto leitores. “É também uma forma de marcar novos projetos. Afinal, 50 anos marcam tradição, mas também vanguarda no trabalho de discutir os saberes africanos e afro-brasileiros em diversos campos da cultura e conhecimento”, conclui Cristina.

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