STF sugere meta para redução anual de letalidade policial no Rio
As sugestões foram estabelecidas após reuniões realizadas entre dezembro do ano passado
Uma nota técnica elaborada por servidores do Supremo Tribunal Federal (STF) sugeriu a fixação de uma meta anual para a redução da letalidade policial no Rio de Janeiro. O documento foi anexado à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635, conhecida como ADPF das Favelas, e será avaliado pelo ministro Edson Fachin, relator do caso.
Após um encontro com a cúpula da segurança pública do Rio de Janeiro, na terça-feira (2), o ministro Fachin afirmou que o processo deve ser liberado para julgamento definitivo no segundo semestre deste ano. Caberá ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, agendar o julgamento no plenário do tribunal.
O parecer, solicitado por Fachin, foi elaborado pelo Núcleo de Processos Estruturais e Complexos (Nupec) e pelo Núcleo de Solução Consensual de Conflitos (Nusol), grupos que auxiliam os ministros com estudos sobre causas complexas julgadas pela Corte. Além da fixação da meta anual, a nota técnica sugere que a decisão final do Supremo torne obrigatório o acompanhamento psicológico para policiais envolvidos em mortes durante operações.
Outras sugestões incluem a criação de um protocolo para operações em regiões próximas a escolas e unidades de saúde, treinamento de policiais para atendimento médico à população, e normas para garantir a participação dos familiares de vítimas na investigação.
Essas sugestões foram estabelecidas após reuniões realizadas entre dezembro do ano passado e junho deste ano com todas as partes envolvidas no processo, incluindo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, o Ministério Público, e as polícias Civil e Militar, além do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Após receber a nota técnica, ontem (3), Fachin determinou que todos os envolvidos apresentem manifestações finais sobre o caso. Com a ADPF, a Corte já havia imposto o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais e nas viaturas, além de exigir aviso antecipado das operações para autoridades de saúde e educação, visando proteger escolas e unidades de saúde de tiroteios entre policiais e criminosos.
Segundo a nota técnica, essas decisões tomadas a partir de 2020 contribuíram para a redução da letalidade, conforme dados do Ministério Público do Rio. Em 2020, 1,2 mil pessoas morreram durante intervenções policiais. No ano passado, o número caiu para 871. Nos primeiros quatro meses de 2024, foram registrados 205 óbitos. Atualmente, 100% do efetivo do Bope utiliza câmeras corporais, com mais 13 mil câmeras disponíveis para a Polícia Militar do Rio.
Confira as sugestões do grupo de estudos do STF:
- Meta anual de redução da letalidade policial;
- Avaliação psicológica de todos os policiais envolvidos em mortes;
- Protocolo para operações próximas a escolas e unidades de saúde;
- Criação de indicadores para avaliar atendimento pré-hospitalar pelos policiais;
- Participação de familiares das vítimas na investigação criminal;
- Garantia de autonomia técnica e funcional à polícia científica;
- Implementação de obrigações para controle da atividade policial;
- Divulgação de dados sobre mortes por intervenção policial no estado;
- Criação de comissão para monitorar as medidas determinadas pelo STF.