De vila a vila
Sobral completou 251 anos de vila com fama de metrópole e comportamento de vila. Aqui se comprovou a teoria da relatividade e agora a da infertilidade do progresso, notadamente o humano. O tempo passa e o povo sente saudade do passado em que a cidade era humanizada, em que as instituições que a compunham eram harmonizadas e havia ordem.
As comemorações promovidas pela gestão pública é tal qual às de todas as outras cidades em que o princípio do pão e do circo ainda está em moda, aviltando o direito dos cidadãos. Os shows artísticos contratados pela prefeitura são irrelevantes diante da onda de violência que assola as comunidades. Os estampidos que ora se escuta já não são mais dos fogos e sim de balas trocadas num festival de matança; as sirenes já não são as das fábricas e sim das polícias e das ambulâncias perseguindo bandidos; o povo está preso em casa, ameaçado e amedrontado pelo fato de não ver qualquer tipo de ação dos poderes em conter o caos instalado.
A gestão, por incrível que pareça, encontrou uma forma de continuar ludibriando o povo: está entregando uma revista em cada casa, a fim de que ao abri-la, a pessoa se sinta entrando no céu, ou mesmo na nova Canaã. É uma revista pomposa, cheirosa, toda colorida e, também, cheia de contos de fadas, que remete os leitores à ilha da fantasia, muito embora eles estejam no Sítio do Picapau Amarelo. Diante de tanta desfaçatez, o prefeito diz que a oposição pensa que o povo de Sobral é besta, enquanto ele tem certeza que sim.