Brasil deixa ranking dos 20 países com mais crianças não vacinadas
A proporção de adolescentes imunizados aumentou de 20% em 2022 para 27% em 2023
O ano de 2023 marcou um avanço significativo do Brasil na imunização infantil, tirando o país do ranking das 20 nações com mais crianças não vacinadas. A constatação faz parte de um estudo global divulgado nesta segunda-feira (15) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pesquisa revela que o número de crianças que não receberam nenhuma dose da DTP1, a vacina pentavalente que protege contra difteria, tétano e coqueluche, caiu de 710 mil em 2021 para 103 mil em 2023. Em relação à DTP3, a redução foi de 846 mil para 257 mil no mesmo período. Com essa diminuição, o Brasil, que em 2021 ocupava a sétima posição no grupo dos países com mais crianças não imunizadas, deixou a lista negativa. O país apresentou avanços constantes em 14 dos 16 imunizantes pesquisados.
Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef no Brasil, destacou que a retomada da imunização infantil após anos de queda na cobertura é fundamental. Ela enfatizou a importância de continuar avançando rapidamente para alcançar cada criança que ainda não recebeu as vacinas, ultrapassando os limites das unidades básicas de saúde e levando a vacinação a outros espaços, como escolas e Centros de Referência de Assistência Social (Cras).
Contrariando o cenário global, onde o número de crianças que não receberam nenhuma dose da DTP1 aumentou de 13,9 milhões em 2022 para 14,5 milhões em 2023, o Brasil registrou progressos. No mundo, a cobertura vacinal de três doses da DTP estagnou em 84%, com 108 milhões de crianças imunizadas.
O estudo do Unicef e da OMS, que abrange 185 países, mostra que em 2023 havia 2,7 milhões de crianças no mundo não vacinadas ou com imunização incompleta, comparado aos níveis pré-pandemia de 2019. A cobertura vacinal contra o sarampo também estagnou, deixando cerca de 35 milhões de crianças sem proteção ou com proteção parcial. Em 2023, apenas 83% das crianças globalmente receberam a primeira dose do imunizante, abaixo da cobertura de 95% necessária para prevenir surtos e mortes desnecessárias.
Nos últimos cinco anos, surtos de sarampo atingiram 103 países, onde vivem aproximadamente três quartos dos bebês do mundo. A baixa cobertura vacinal nessas regiões (80% ou menos) foi um fator significativo. Em contraste, 91 países com forte cobertura vacinal não experimentaram surtos.
Um dado positivo, mas ainda insuficiente, é a vacinação de meninas contra o papilomavírus humano (HPV), causador do câncer do colo do útero. A proporção de adolescentes imunizados aumentou de 20% em 2022 para 27% em 2023. No entanto, esse nível de cobertura está bem abaixo da meta de 90% para eliminar esse tipo de câncer como um problema de saúde pública. Nos países de alta renda, a cobertura é de 56%, enquanto nos de baixa e média renda, é de 23%.