Manutenção da Selic em 10,5% ao ano gera divergências entre indústria e comércio

Foto: Arquivo/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O Copom já havia interrompido a sequência de cortes de juros que vinha ocorrendo desde agosto do ano passado

O anúncio da manutenção da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 10,5% ao ano, provocou reações divergentes entre instituições ligadas aos setores de indústria e comércio. Enquanto algumas veem a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central como uma restrição à atividade econômica, outras apontam para a incerteza sobre o equilíbrio das contas públicas.

Em junho, o Copom já havia interrompido a sequência de cortes de juros que vinha ocorrendo desde agosto do ano passado, com reduções de 0,5 ponto percentual a cada reunião até março deste ano. Em maio, o corte foi de 0,25 ponto percentual.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou preocupação com a manutenção da taxa de juros, afirmando que isso resulta em custos elevados de crédito e restringe a atividade econômica. O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou a necessidade de retomada dos cortes para reduzir o custo financeiro das empresas e consumidores, alertando para o impacto negativo sobre empregos e renda.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) argumentou que as incertezas fiscais comprometem a redução da Selic e que a manutenção da taxa reflete um cenário de incertezas econômicas e pressões inflacionárias. A Firjan enfatizou que a retomada sustentável dos cortes de juros depende do equilíbrio das contas públicas, alertando para o risco-país elevado e a deterioração das expectativas inflacionárias sem uma agenda estrutural de corte de gastos.

Por outro lado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) considerou acertada a manutenção da Selic, afirmando que não havia margem para outra decisão devido ao câmbio pressionado, à aceleração da inflação e às incertezas fiscais. A FecomercioSP sugeriu que o contexto poderia até demandar uma elevação dos juros, mesmo que pequena, ressaltando a necessidade de um posicionamento fiscal mais claro do governo.

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) avaliou a decisão do Copom como prejudicial ao setor produtivo devido ao encarecimento dos juros, mas reconheceu sua importância para a estabilização do cenário macroeconômico diante da deterioração do quadro inflacionário. A CNC destacou a alta nas vendas do varejo, a baixa taxa de desemprego e a renda disponível elevada como sinais de solidez econômica, mas alertou para as preocupações com o cenário fiscal, apesar do avanço na arrecadação.

Já a Força Sindical classificou a decisão do Copom como absurda, criticando a manutenção de taxas elevadas de juros que beneficiam especuladores e rentistas. Em nota, a instituição afirmou que o Brasil perde a oportunidade de investir na produção, consumo e geração de empregos, apontando que o pagamento de juros pelo governo restringe significativamente as possibilidades de crescimento e os investimentos em áreas essenciais como educação, saúde, segurança e infraestrutura.

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