Fiocruz alerta para aumento de internações por covid-19 e influenza entre idosos
Apesar desse crescimento, as internações permanecem em níveis baixos comparados ao histórico da pandemia
Nas últimas semanas, o Amazonas, São Paulo e alguns estados do Nordeste registraram um aumento nas internações por covid-19 entre idosos, de acordo com o Boletim InfoGripe divulgado nesta sexta-feira (2) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Apesar desse crescimento, as internações permanecem em níveis baixos comparados ao histórico da pandemia. Os pesquisadores recomendam que hospitais estejam atentos a qualquer aumento significativo na disseminação do vírus.
O boletim também aponta um aumento nas internações por influenza A entre idosos em alguns estados das regiões Sul e Sudeste, embora haja sinais de estabilização em outras partes do Centro-Sul. Os dados se referem à Semana Epidemiológica 30, de 21 a 27 de julho, com base no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe).
Em relação ao vírus sincicial respiratório (VSR), a interrupção do crescimento ou a redução no número de internações em crianças até 2 anos está mais consolidada em várias regiões, exceto em Santa Catarina e Roraima, que ainda apresentam aumento. O aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na Bahia e Piauí pode estar ligado principalmente a internações por rinovírus entre crianças e adolescentes. No geral, o InfoGripe indica uma tendência de queda na SRAG tanto a longo quanto a curto prazo, atribuída à diminuição ou interrupção no crescimento de casos por VSR e influenza A em muitos estados, embora os casos ainda estejam aumentando em outras regiões.
O VSR continua sendo a principal causa de internação e óbitos em crianças até 2 anos, apesar da recente queda nos números. Outro vírus respiratório que se destaca pela incidência de SRAG em crianças é o rinovírus, com mortalidade semelhante entre crianças pequenas e idosos. Entre os idosos, as mortes estão mais associadas à influenza A e covid-19.
O boletim revela que três estados — Bahia, Piauí e Roraima — apresentam crescimento de SRAG a longo prazo. A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz), destacou a manutenção do aumento de internações por influenza A em idosos no Sul e Sudeste, apesar de sinais de estabilização no Centro-Sul. Quanto ao VSR, a redução ou interrupção das internações em crianças até 2 anos é mais consolidada, exceto em Santa Catarina e Roraima.
Em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2, a incidência é maior em crianças pequenas, enquanto a mortalidade é mais alta entre idosos a partir de 65 anos, sendo a segunda maior causa de óbitos por SRAG nessa faixa etária. No entanto, os impactos em termos de hospitalizações e óbitos são menores comparados aos causados pelo VSR e rinovírus em crianças e pela influenza A em idosos.
Entre as capitais, Salvador, Teresina, Vitória e Florianópolis apresentam aumento nos casos de SRAG. Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 21,9% para influenza A, 1,1% para influenza B, 33,1% para VSR e 11,7% para Sars-CoV-2. Nos óbitos, a prevalência foi de 38,6% para influenza A, 1,7% para influenza B, 13,3% para VSR e 27,8% para Sars-CoV-2.
No ano epidemiológico de 2024, foram notificados 104.734 casos de SRAG, sendo 51.108 com resultado positivo para algum vírus respiratório e 40.247 negativos. Entre os casos positivos, 19,3% são de influenza A, 0,5% de influenza B, 44,4% de VSR e 18,1% de Sars-CoV-2.