OMS convoca comitê de emergência para avaliar surto de Mpox na África
A preocupação aumentou nos últimos meses devido a uma mutação que permitiu a transmissão de pessoa para pessoa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a convocação de um comitê de emergência para esta quarta-feira (14) para discutir o agravamento do surto de mpox na África e avaliar os riscos de disseminação internacional da doença. A decisão foi tomada após o registro crescente de casos fora da República Democrática do Congo, onde o vírus tem se espalhado há mais de dois anos. A preocupação aumentou nos últimos meses devido a uma mutação que permitiu a transmissão de pessoa para pessoa.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) já declarou a situação como uma emergência de saúde pública de segurança continental, destacando a rápida transmissão da doença em várias regiões africanas. O diretor-geral da entidade, Jean Kaseya, enfatizou a necessidade de uma ação coletiva diante desse desafio, lembrando que a África tem uma longa história de enfrentamento de crises, mas que a situação atual requer uma resposta coordenada e determinada.
Entre janeiro de 2022 e junho de 2024, a OMS registrou quase 100 mil casos de mpox em 116 países, com 208 mortes. O mais recente relatório da OMS mostra que, somente em junho de 2024, foram confirmados 934 novos casos e quatro mortes em 26 países, o que evidencia a contínua transmissão global da doença. A África foi a região mais afetada no período, com 567 casos, sendo que a República Democrática do Congo respondeu por 96% dos registros confirmados no continente. Outros países africanos, como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, também relataram seus primeiros casos, todos ligados ao surto na região.
A OMS expressou preocupação com uma nova variante do vírus, detectada na África Central, que apresenta uma letalidade significativamente maior, especialmente entre crianças pequenas. Enquanto a variante responsável pela epidemia global de 2022 tinha uma taxa de letalidade de menos de 1%, a nova variante chega a mais de 10% entre os jovens afetados.
Em resposta à crescente ameaça, a OMS solicitou formalmente aos fabricantes de vacinas contra a mpox que submetam pedidos de uso emergencial para acelerar a disponibilidade das doses. Este processo visa garantir que as vacinas sejam seguras, eficazes e acessíveis, especialmente para países de baixa renda que enfrentam dificuldades na aprovação regulatória e no acesso a vacinas.
A mpox, também conhecida como varíola dos macacos, é uma doença viral que pode ser transmitida de animais silvestres para humanos, bem como entre pessoas através do contato direto. Os sintomas incluem erupções cutâneas, febre, dores no corpo e linfonodos inchados. Embora a doença não esteja mais classificada como uma emergência de saúde pública de importância internacional desde maio de 2023, a OMS continua a alertar para os desafios significativos que a mpox representa e a necessidade de uma resposta global robusta e sustentável.