Mulheres negras enfrentam vulnerabilidade na proteção previdenciária
Esse cenário, já preocupante, piorou nos últimos anos
As mulheres negras no Brasil são o grupo mais vulnerável em termos de proteção previdenciária, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2022, 21,2% das mulheres negras entre 16 e 59 anos não tinham condições de contribuir para a Previdência, contrastando com apenas 6,8% dos homens brancos na mesma faixa etária. Esse cenário, já preocupante, piorou nos últimos anos. Em 2016, 19,2% das mulheres negras estavam desprotegidas, número que subiu para 21,2% em 2022, refletindo uma tendência de deterioração observada em toda a população ocupada.
Esses dados foram divulgados na plataforma Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, atualizada pelo Ipea nesta quinta-feira (18). A ferramenta busca ampliar o debate sobre as desigualdades que persistem no país, fornecendo informações essenciais para a elaboração de políticas públicas que possam mitigar esses problemas. A plataforma também revela disparidades significativas no mercado de trabalho: em 2022, 52% das mulheres negras e 54% das mulheres brancas participavam do mercado de trabalho remunerado, enquanto esses percentuais eram de 75% para homens negros e 74% para homens brancos.
O levantamento destaca ainda que as mulheres, independentemente da cor, dedicam em média 10 horas a mais por semana do que os homens em tarefas domésticas e de cuidado não remuneradas. Além disso, a subutilização da força de trabalho afeta de maneira mais severa a população negra, que compõe a maior parte dos mais de 23 milhões de brasileiros subutilizados no mercado de trabalho.
Esses dados reforçam a urgência de políticas públicas direcionadas para reduzir as desigualdades de gênero e raça, que continuam a marcar o Brasil de forma profunda e persistente.