Número de municípios com candidatura única a prefeituras dobra

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O fenômeno tem sido mais comum em pequenas cidades, com média populacional de 6,7 mil habitantes

O número de municípios brasileiros com apenas um candidato à prefeitura dobrou nas eleições deste ano. Em 2020, 108 cidades enfrentaram essa situação; agora, em 2024, são 214 municípios onde um único candidato concorre ao cargo de prefeito. Nesses locais, basta apenas um voto para garantir a vitória, o que reflete o maior número de candidaturas únicas desde que a série histórica começou em 2000, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM).

O fenômeno tem sido mais comum em pequenas cidades, com média populacional de 6,7 mil habitantes. Estados como Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso lideram o ranking de candidaturas únicas, com 43, 20 e 9 municípios, respectivamente. O município de Mato Queimado, no Rio Grande do Sul, que por duas décadas teve apenas um candidato concorrendo, agora conta com dois aspirantes ao cargo.

Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, atribui esse aumento à complexidade e aos desafios enfrentados em candidaturas de pequenas cidades. Segundo ele, questões burocráticas e entraves jurídicos tornam a vida pública especialmente difícil nessas regiões, desestimulando potenciais candidatos.

O cenário também revela uma redução de 20% no total de candidaturas em 2024 em comparação com 2020. Enquanto isso, o número de municípios com até dois candidatos à prefeitura também cresceu, passando de 38% para 53%. Esse dado preocupa especialistas, como Carmela Zigoni, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), que vê na baixa representatividade uma ameaça à diversidade de ideias e à renovação política.

Além disso, o perfil predominante dos candidatos únicos é de homens brancos, representando 88% e 74% dos casos, respectivamente. Partidos ligados à direita, como MDB, PSD e PP, dominam essas candidaturas, enquanto o PT e o PL têm menor presença.

A falta de opções eleitorais em grande parte do país, com candidaturas únicas ou limitadas a dois candidatos, pode afetar o direito de escolha de milhões de brasileiros, o que reforça a importância de um debate sobre a representatividade e a competitividade nas eleições municipais.

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