Aranha tecelã da China manipula sinais luminosos de vaga-lumes para capturar mais presas
Os vaga-lumes são mais vulneráveis a esse truque durante a temporada de acasalamento
Nas paisagens da China central, uma aranha tecelã comum, a Araneus ventricosus, descobriu uma maneira engenhosa de aumentar suas chances de capturar vaga-lumes. Ao construir novas teias todas as noites, essa aranha não depende apenas da sorte para capturar os insetos luminosos que piscam e cintilam ao anoitecer. Em vez disso, ela manipula os sinais bioluminescentes dos vaga-lumes machos presos em sua teia para atrair ainda mais presas, revela uma nova pesquisa publicada na revista Current Biology.
O estudo, conduzido por uma equipe de cientistas liderada por Daiqin Li, ecologista comportamental da Universidade de Hubei, revela que a aranha consegue fazer com que os vaga-lumes machos presos emitam sinais de acasalamento de pulso único, típicos das fêmeas. Esse truque engana outros machos em busca de parceiras, atraindo-os diretamente para a teia. Embora os cientistas ainda não tenham esclarecido exatamente como a aranha realiza essa manipulação, as evidências sugerem que ela poderia estar utilizando mordidas repetidas para alterar o padrão de piscar dos insetos.
Os vaga-lumes são mais vulneráveis a esse truque durante a temporada de acasalamento, um período de duas semanas entre maio e junho. Os machos da espécie Abscondita terminalis geralmente usam suas lanternas abdominais para criar padrões de flashes múltiplos para atrair as fêmeas, que respondem com sinais de pulso único. A aranha, ao manipular os sinais dos machos presos, faz com que eles imitem as fêmeas, aumentando assim suas chances de capturar mais vaga-lumes.
Os pesquisadores realizaram experimentos em 161 teias durante a temporada de acasalamento, dividindo-as em diferentes grupos para observar o impacto da presença da aranha e a emissão ou não dos sinais luminosos pelos vaga-lumes machos. As teias que continham uma aranha e vaga-lumes machos piscando com sinais semelhantes aos das fêmeas atraíam significativamente mais insetos do que aquelas sem aranhas ou com vaga-lumes de lanternas apagadas.
Embora o mecanismo exato dessa manipulação ainda seja desconhecido, a hipótese é de que o veneno da aranha ou suas mordidas repetidas possam estar interferindo no comportamento normal dos vaga-lumes, forçando-os a alterar seus sinais luminosos. Esta descoberta surpreendeu pesquisadores como Dinesh Rao, da Universidad Veracruzana no México, que comparou o comportamento da aranha tecelã com o de outras aranhas conhecidas por manipular sinais químicos para atrair presas.
O estudo levanta novas questões sobre a complexidade das interações predador-presa e abre caminho para futuras investigações sobre como as aranhas podem manipular outros aspectos do comportamento de suas presas. A habilidade da Araneus ventricosus de transformar seus cativos em iscas vivas demonstra uma estratégia de caça sofisticada que desafia nossa compreensão atual da ecologia e biologia desses aracnídeos.