Arrecadação Federal bate recorde em julho e alcança R$ 231 bilhões
O valor indica um aumento real de 9,15% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior
A arrecadação de impostos e outras receitas da União atingiu um novo recorde para o mês de julho, totalizando R$ 231,04 bilhões, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (22) pela Receita Federal. O montante representa um crescimento real de 9,55% em comparação com o mesmo período de 2023, considerando a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No acumulado de janeiro a julho de 2024, a arrecadação também registrou desempenho histórico, somando R$ 1,53 trilhão. Esse valor indica um aumento real de 9,15% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, consolidando o melhor resultado já registrado para o período.
Fatores que Impulsionaram o Crescimento
O desempenho positivo da arrecadação federal foi influenciado por uma combinação de fatores macroeconômicos e medidas tributárias específicas. O aumento na atividade produtiva, com destaque para o crescimento nas vendas de bens e serviços, contribuiu significativamente para o incremento das receitas. Em junho, considerado o fator gerador para a arrecadação de julho, houve alta de 2% nas vendas de bens e 1,3% nas de serviços.
A produção industrial também apresentou resultados favoráveis, com crescimento de 5,63% em junho e de 2% no acumulado do ano até aquele mês. Além disso, o valor das importações em dólar aumentou 18,39% em junho e 5,54% no acumulado do ano, refletindo uma maior demanda e atividade econômica.
Receitas Administradas e Destaques Tributários
As receitas administradas pela Receita Federal alcançaram R$ 214,79 bilhões em julho, representando um acréscimo real de 9,85% em comparação com o mesmo mês de 2023. No acumulado de 2024, essas receitas totalizaram R$ 1,45 trilhão, um aumento real de 9,07%.
Entre os destaques, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) somaram R$ 52,15 bilhões em julho, registrando crescimento real de 6,2%. Esse resultado foi impulsionado pelo aumento de 8,04% na arrecadação do balanço trimestral e de 9,67% no lucro presumido.
As contribuições do PIS/Pasep e da Cofins também apresentaram desempenho expressivo, com arrecadação conjunta de R$ 45,26 bilhões em julho, um crescimento real de 22,04%. No acumulado do ano, essas contribuições atingiram R$ 302,46 bilhões, impulsionadas pelo retorno da tributação sobre combustíveis e pelo fortalecimento da atividade econômica.
A Receita Previdenciária arrecadou R$ 53,56 bilhões em julho, crescimento real de 6,04%. No acumulado de 2024, a arrecadação previdenciária chegou a R$ 371,69 bilhões, aumento real de 5,45%. Esse resultado reflete o crescimento de 10,28% da massa salarial em junho e de 11,38% no acumulado do ano.
Impacto de Receitas e Despesas Atípicas
Alguns eventos atípicos também influenciaram os resultados da arrecadação. A tributação de fundos exclusivos gerou uma receita extra de R$ 270 milhões em julho e R$ 13 bilhões no acumulado do ano, graças à lei sancionada em dezembro de 2023 que alterou o Imposto de Renda sobre esses investimentos.
A atualização de bens e direitos no exterior por pessoas físicas residentes no Brasil contribuiu com R$ 7,49 bilhões para o Imposto de Renda Pessoa Física, que totalizou R$ 45,36 bilhões no acumulado do ano, um crescimento real de 18,14%.
Por outro lado, a situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul devido às enchentes ocorridas entre abril e maio resultou em um diferimento de tributos federais, causando uma perda estimada de R$ 7,3 bilhões na arrecadação acumulada do ano. Em julho, porém, houve uma receita extra de R$ 700 milhões decorrente da postergação de prazos de recolhimento de tributos em municípios gaúchos afetados.
Perspectivas e Contexto Econômico
Os resultados positivos da arrecadação federal refletem uma recuperação consistente da economia brasileira, sustentada por indicadores macroeconômicos favoráveis e por medidas fiscais estratégicas. O fortalecimento da atividade produtiva, aliado a políticas tributárias eficazes, contribui para o equilíbrio das contas públicas e abre espaço para investimentos em áreas prioritárias.
A continuidade desse desempenho dependerá da manutenção do ritmo de crescimento econômico, bem como da capacidade do governo em implementar políticas fiscais que conciliem arrecadação eficiente com estímulo ao desenvolvimento sustentável.