A previsão anterior, de 2020, indicava que esse marco ocorreria apenas em 2048

O Brasil se prepara para uma mudança demográfica significativa nas próximas décadas. De acordo com projeções divulgadas nesta quinta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira atingirá seu pico em 2041, com 220,43 milhões de habitantes, antes de iniciar um declínio gradual a partir de 2042. A previsão anterior, de 2020, indicava que esse marco ocorreria apenas em 2048, com um pico populacional mais elevado, de 233,23 milhões de pessoas.

A taxa de crescimento populacional, que em 2024 deve ser de cerca de 0,4%, começará a desacelerar até chegar a zero em 2041. A partir daí, o Brasil passará a experimentar uma redução populacional que deverá se intensificar, atingindo uma queda anual de 0,7% em 2070, quando a população deverá cair para 199,23 milhões.

Essa mudança não será homogênea em todo o território nacional. Estados como Alagoas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro começarão a perder população ainda nesta década, enquanto outros, como Roraima e Santa Catarina, manterão crescimento populacional até a década de 2060. Mato Grosso, por sua vez, deve continuar crescendo pelo menos até 2070.

A queda na taxa de fecundidade é um dos principais fatores que impulsionam essa transformação. Em 2023, a taxa de fecundidade no Brasil caiu para 1,57 filho por mulher, bem abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1 filhos por mulher. No início dos anos 2000, o Brasil ainda superava essa taxa, com 2,32 filhos por mulher. Desde então, a fecundidade tem caído consistentemente, acompanhada por uma elevação da idade média da maternidade, que passou de 25,3 anos em 2000 para 27,7 anos em 2020, com uma projeção de alcançar 31,3 anos em 2070.

Essa tendência reflete um movimento de longo prazo que começou na década de 1960, quando a taxa de fecundidade no Brasil era de 6,28 filhos por mulher. O adiamento da maternidade, aliado à redução do número de filhos por mulher, aponta para um futuro em que o número de nascimentos, que foi de 3,6 milhões em 2000, deve cair para 1,5 milhão em 2070.

A mudança no perfil demográfico do Brasil coloca o país diante de novos desafios e oportunidades. A diminuição da população e o envelhecimento da sociedade exigirão adaptações nas políticas públicas e nos sistemas de saúde, previdência e educação, enquanto o país se ajusta a um cenário em que a dinâmica populacional será marcada pela redução e pelo envelhecimento.