Deputados intensificam cobranças por medidas contra queimadas
As discussões giraram em torno da necessidade urgente de ações para enfrentar os incêndios e investigar suas causas
Na sessão plenária desta terça-feira (26), a crise das queimadas no Brasil tomou o centro do debate entre deputados da oposição e da base aliada. As discussões giraram em torno da necessidade urgente de ações para enfrentar os incêndios e investigar suas causas, além de medidas para mitigar os impactos sobre a saúde pública.
O deputado Bohn Gass (PT-RS) destacou o impacto direto das queimadas, observando que as nuvens de fumaça prejudicaram a chegada de parlamentares a Brasília, levando ao cancelamento de voos. Ele expressou sua indignação sobre a devastação ambiental causada pelos incêndios, que ele classificou como “criminosos” e inaceitáveis, e pediu um esforço conjunto da sociedade civil para identificar e punir os responsáveis. “É essencial que se recupere a flora e a fauna perdidas e que se mantenha a fiscalização rigorosa”, ressaltou Gass.
O deputado Pauderney Avelino (União-AM) também enfatizou a necessidade de reforçar as ações do Ibama e da Polícia Federal. Ele descreveu a situação crítica na Amazônia, onde a seca dos rios tem isolado comunidades e agravado o impacto das queimadas. “O Rio Juruá e o Rio Purus estão enfrentando uma seca severa, e mais de 7 mil focos de incêndio foram registrados no Amazonas. A situação é calamitosa”, afirmou Avelino.
O coordenador da Frente Parlamentar Mista da Saúde, Dr. Zacharias Calil (União-GO), alertou para os riscos das doenças respiratórias decorrentes da fumaça, afetando especialmente crianças e idosos. Ele pediu à ministra da Saúde, Nísia Trindade, que lidere esforços para mitigar os impactos das queimadas sobre os serviços de saúde. Calil criticou a administração federal por sua falta de ação efetiva e mencionou a gestão anterior do Ministério do Meio Ambiente, comparando o atual cenário com as promessas não cumpridas de 2020.
O deputado Dr. Fernando Máximo (União-RO) relatou a deterioração da saúde da população em Rondônia devido à fumaça, que está afetando crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias preexistentes. “Estamos enfrentando os piores incêndios dos últimos 20 anos, e a saúde pública está em grave risco”, lamentou Máximo.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) sugeriu mudanças nos protocolos de uso da terra, propondo medidas como o incentivo às agroflorestas e o rodízio de culturas. Ele argumentou que tais mudanças são essenciais para prevenir a devastação causada por incêndios em períodos de seca extrema.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) levantou suspeitas sobre grileiros e proprietários de terra, sugerindo que possam estar envolvidos em incêndios criminosos semelhantes ao “Dia do Fogo” de 2019. Ela pediu uma investigação profunda por parte da Polícia Federal e das polícias estaduais.
Por sua vez, a líder da Minoria, Bia Kicis (PL-DF), trouxe à tona a conexão entre os incêndios e organizações criminosas, citando a declaração de um incendiário preso em Batatais e o envolvimento do MST em alegações de incêndios intencionais. Kicis pediu investigações para esclarecer essas alegações e destacou os impactos negativos das queimadas sobre os produtores.
O clamor por ações efetivas e investigações profundas continua a ecoar no Congresso, refletindo a gravidade da crise ambiental e de saúde pública enfrentada pelo país.