Crianças e adolescentes são as principais vítimas das queimadas
No Amazonas, o cenário é ainda mais preocupante com a antecipação de uma estiagem histórica
Agosto se confirma como o mês mais crítico para as queimadas em 16 estados brasileiros, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No Amazonas, o cenário é ainda mais preocupante com a antecipação de uma estiagem histórica que, em 2024, promete ser ainda mais severa do que a do ano anterior. Em meio a essa crise ambiental, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta para os impactos graves que o aumento das queimadas provoca em crianças e adolescentes, os grupos mais vulneráveis à poluição e à fumaça.
A coordenadora nacional de saúde do Unicef, Luciana Phebo, destacou a necessidade de cuidados redobrados por parte de pais, cuidadores e professores durante esse período. A recomendação é clara: atividades ao ar livre devem ser evitadas, e é essencial manter a hidratação constante das crianças, preferindo água e frutas a sucos açucarados. Phebo também chamou a atenção para o aumento de casos de diarreias e infecções respiratórias, que se tornam mais frequentes nesta época do ano.
Entre as orientações do Unicef para enfrentar os dias de intensa fumaça estão o uso de máscaras para crianças maiores de dois anos ao irem para a escola e a ingestão regular de água. Além disso, é recomendado fechar portas e janelas, manter um ambiente interno umedecido com vasilhas de água ou toalhas molhadas e, em casos de irritação, lavar nariz e olhos com soro fisiológico.
Neideana Ribeiro, especialista em Emergência, Saúde e Nutrição do Unicef, ressaltou a importância de criar um “espaço limpo” dentro de casa, onde as crianças possam brincar sem exposição à fumaça. “É melhor evitar a exposição fora de casa e esperar a melhoria da qualidade do ar para que as crianças possam brincar ao ar livre com segurança”, afirmou Ribeiro, enfatizando a necessidade de manter ambientes internos protegidos.
As queimadas continuam a se alastrar pelo Brasil, e os números são alarmantes. Com menos de uma semana para o fim de agosto, o mês já superou o total de incêndios florestais registrados nos outros meses do ano em vários estados, como Amazonas, Mato Grosso e Minas Gerais. Somente no último fim de semana, o Inpe registrou mais de 4,4 mil focos de incêndio em apenas 48 horas. A Amazônia, mais uma vez, foi a região mais devastada, com 60,7% da área atingida pelo fogo.
Este cenário evidencia a urgência de medidas eficazes para combater as queimadas e proteger a saúde das populações mais vulneráveis, especialmente as crianças, que são as mais afetadas pelos impactos dessa tragédia ambiental.