Por outro lado, o segmento de Serviços técnico-profissionais apresentou o maior avanço no número de empregos em 2022

O setor de serviços não financeiros no Brasil alcançou, em 2022, o maior número de pessoas ocupadas desde o início da série histórica em 2007, atingindo a marca de 14,2 milhões de trabalhadores. Este resultado representa um aumento significativo de 5,8% em comparação ao ano anterior, o que equivale a 773,1 mil novos postos de trabalho. Em uma perspectiva mais ampla, comparando 2022 com 2019, período anterior à pandemia de COVID-19, o setor registrou um crescimento de 10,3% no volume de mão de obra.

Entre as 34 atividades analisadas pela Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2022, divulgada pelo IBGE, cinco destacaram-se por concentrar 47,3% da força de trabalho do setor: Serviços de alimentação (11,6%), Serviços técnico-profissionais (11,4%), Transporte rodoviário de cargas (8,4%), Serviços para edifícios e atividades paisagísticas (8,2%) e Serviços de escritório e apoio administrativo (7,7%).

O analista da PAS, Marcelo Miranda, destacou que as 14,2 milhões de pessoas ocupadas no setor em 2022 receberam, juntas, um total de R$ 518 bilhões em salários e remunerações. Elas trabalhavam em cerca de 1,6 milhão de empresas, que geraram uma receita operacional líquida de R$ 2,7 trilhões e um valor adicionado bruto de R$ 1,5 trilhão. “Esses números evidenciam a importância do setor de serviços para a economia brasileira”, comentou Miranda.

No entanto, nem todos os segmentos do setor de serviços experimentaram crescimento. O segmento de Serviços prestados principalmente às famílias, que inclui atividades como restaurantes e hotelaria, registrou uma queda de 3,2% no número de empregos entre 2019 e 2022. Essa retração, que representa uma perda de 92,4 mil postos de trabalho, foi atribuída ao impacto da pandemia, quando grande parte da população estava em isolamento. Apesar disso, o segmento tem mostrado sinais de recuperação desde 2021.

Por outro lado, o segmento de Serviços técnico-profissionais apresentou o maior avanço no número de empregos em 2022, com um incremento de 166,1 mil pessoas em comparação a 2021. No acumulado de 2019 a 2022, esse crescimento atingiu 353,8 mil novos empregos, refletindo a crescente demanda por serviços especializados em um cenário pós-pandemia.

A PAS também revelou disparidades salariais significativas dentro do setor. Em 2022, o salário médio no setor de serviços foi de 2,3 salários-mínimos, com os menores salários sendo pagos no segmento de Serviços prestados principalmente às famílias (1,4 s.m.), enquanto os maiores salários foram registrados no segmento de Serviços de informação e comunicação (4,8 s.m.). Entre as unidades da federação, São Paulo apresentou a maior remuneração média (2,9 s.m.), enquanto Roraima e Piauí registraram os menores valores (1,3 s.m.).

A receita operacional líquida do setor de serviços também apresentou variações significativas ao longo da última década. O segmento de Serviços de informação e comunicação, por exemplo, perdeu 5,6 pontos percentuais de participação, enquanto o segmento de Outras atividades de serviços registrou um aumento de 3,4 p.p.. Em 2022, o segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio foi o mais representativo, respondendo por 29,8% da receita operacional líquida do setor, um incremento de 1,2 p.p. em dez anos.

Outro dado importante revelado pela PAS foi a queda na concentração de mercado entre as maiores empresas do setor. Entre 2013 e 2022, a participação das oito maiores empresas na receita operacional líquida do setor caiu de 9,5% para 6,8%. Essa redução foi particularmente significativa nos segmentos de Serviços de informação e comunicação e Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio.

Geograficamente, o Sudeste continua a liderar com 65,4% da receita bruta de serviços gerada no país. No entanto, houve mudanças na liderança de segmentos específicos em diferentes regiões, como o aumento da representatividade dos Serviços profissionais, administrativos e complementares no Nordeste, Sudeste, Norte e Sul, enquanto no Centro-Oeste, o Transporte rodoviário dominou.

A PAS 2022 reflete o desempenho do setor de serviços em um contexto de retomada econômica após o auge da pandemia, influenciado pela queda no desemprego e o crescimento do PIB, especialmente o avanço no consumo das famílias. Esses fatores foram determinantes para os resultados expressivos do setor de serviços, que desempenha um papel fundamental na economia brasileira.