Mais de 154 mil focos de calor foram registrado no Brasil este ano

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Compartilhe

A Amazônia concentra 42,7% dos focos registrados no último domingo e segunda-feira, tornando-se o epicentro dessa tragédia

O Brasil iniciou o mês de setembro sob a sombra de uma crise ambiental que se intensifica a cada dia. Segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o país já registrou mais de 154 mil focos de calor em 2024, um aumento alarmante em relação ao final de agosto, quando o número girava em torno de 112 mil. A Amazônia, com sua vasta extensão, concentra 42,7% dos focos registrados no último domingo e segunda-feira, tornando-se o epicentro dessa tragédia.

Os focos de calor, detectados por imagens de satélite que cobrem áreas de 375 metros quadrados a 4 quilômetros quadrados, podem representar múltiplas frentes de fogo. Isso torna o cenário ainda mais grave, pois uma única frente de incêndio pode ser captada por mais de um satélite, duplicando os registros e evidenciando a dimensão do problema.

A comparação dos números mais recentes com os dados do último boletim do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) revela que os incêndios estão se espalhando rapidamente pelos biomas brasileiros. O Pantanal, embora menor que a Amazônia, é outro bioma gravemente afetado. O município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, lidera o ranking de áreas mais atingidas, com 4.245 focos de calor registrados até o final de agosto. Logo atrás, Apuí, no Amazonas, contabilizou 3.401 focos no mesmo período.

O impacto dessas queimadas é devastador. Segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), mais de 5,5 milhões de hectares da Amazônia já foram consumidos pelo fogo em 2024. No Pantanal, o número ultrapassa os 2,5 milhões de hectares, uma perda irreparável para a biodiversidade e o equilíbrio ambiental.

Em resposta à crise, o governo federal mobilizou um esforço considerável para combater as chamas. Na Amazônia, 1.468 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estão em campo. No Pantanal, 391 profissionais desses órgãos atuam ao lado de 343 militares das Forças Armadas, 79 agentes da Força Nacional de Segurança Pública e dez membros da Polícia Federal. Além disso, 18 aeronaves e 52 embarcações foram disponibilizadas para reforçar o combate.

A gravidade da situação levou o Supremo Tribunal Federal a intervir, estabelecendo um prazo de 15 dias para que o governo federal aumente os recursos humanos e materiais destinados ao combate aos incêndios. No dia 10 de setembro, uma audiência de conciliação avaliará o cumprimento dessa medida, que faz parte de três ações de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs) relacionadas à crise.

O avanço incontrolável dos incêndios florestais no Brasil é um alerta urgente para a necessidade de políticas ambientais mais eficazes e de um esforço conjunto para preservar os biomas do país. Com a Amazônia e o Pantanal em chamas, o Brasil se encontra em uma encruzilhada crítica, onde a resposta rápida e coordenada pode ser a única esperança para evitar uma catástrofe ecológica ainda maior.

Você pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Skip to content