Internações por lesões autoprovocadas crescem em uma década no Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O número representa um aumento de mais de 25% em relação a 2014

O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou, em 2023, 11.502 internações relacionadas a lesões autoprovocadas, o que corresponde a uma média de 31 casos diários. Esse número representa um aumento de mais de 25% em relação a 2014, quando 9.173 internações foram registradas. Os dados, divulgados pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), reforçam a necessidade de capacitar médicos de emergência para atender a esses casos com rapidez e acolhimento.

A Abramede ressalta que o número real de casos pode ser ainda maior devido a subnotificações e limitações no acesso ao atendimento em várias regiões do país. Em 2023, após uma queda nas notificações entre 2015 e 2017, os casos voltaram a crescer, alcançando o pico registrado este ano.

A análise regional dos dados revela diferenças significativas entre os estados. Alagoas lidera o aumento percentual de internações entre 2022 e 2023, com um crescimento de 89%, enquanto estados como São Paulo e Minas Gerais registraram aumentos menores, de 5% e 2%, respectivamente. Em contraste, estados como Amapá, Tocantins e Acre apresentaram reduções expressivas.

O perfil das internações também mostra disparidades entre os sexos. Enquanto as internações de mulheres aumentaram de 3.390 em 2014 para 5.854 em 2023, o número de homens internados por lesões autoprovocadas caiu ligeiramente no mesmo período. A faixa etária mais afetada é a de jovens entre 20 e 29 anos, seguida por adolescentes de 15 a 19 anos. Além disso, houve quase o dobro de internações entre crianças de 10 a 14 anos em comparação com 2011.

Em meio ao aumento desses casos, campanhas como o Setembro Amarelo, com o lema “Se Precisar, Peça Ajuda”, buscam combater o estigma em torno da saúde mental. O suicídio, definido como um problema de saúde pública no Brasil, resulta em cerca de 14 mil mortes anuais no país. Globalmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos, sendo a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

A OMS destaca a importância de reduzir o estigma, promover o diálogo aberto e investir em políticas públicas que enfrentem as causas do suicídio, associadas a fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos. A entidade propõe a meta de reduzir a taxa global de suicídio em um terço até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

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