Fazenda é contra aumento de juros para conter inflação causada pela seca
A expectativa do mercado é de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros
A inflação dos alimentos, impulsionada pela prolongada seca, é uma fonte de preocupação para o governo, embora o impacto seja considerado moderado, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (11). Ele destacou que, apesar da alta nos preços, o aumento dos juros não é a solução adequada para enfrentar essa questão, que está diretamente ligada a fatores climáticos. “A inflação preocupa um pouquinho, sobretudo em virtude do clima. Mas a inflação advinda desse fenômeno não se resolve com juros. Juros são outra coisa”, enfatizou Haddad.
O comentário surge às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que ocorre na próxima semana. A expectativa do mercado é de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,5% ao ano. Segundo o boletim Focus, que coleta as previsões das principais instituições financeiras do país, a taxa deve encerrar o ano em 11,25%.
Haddad destacou que o Banco Central possui um quadro técnico bem preparado para tomar decisões adequadas sobre a Selic, e que o governo aguardará o desfecho da reunião. Esta será a primeira reunião do Copom após a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, que deverá assumir o cargo em 2024.
A recente deflação de 0,02% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto, a primeira desde junho de 2023, também contribuiu para reduzir a pressão por um aumento mais expressivo na Selic. O principal fator dessa deflação foi a queda nos preços da energia, embora exista a expectativa de que a inflação volte a crescer com o possível retorno da bandeira vermelha na conta de luz.
No que diz respeito ao crescimento da economia, Haddad mostrou otimismo. O ministro afirmou que a equipe econômica deve revisar para cima a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, fixando-a em um patamar acima de 3%. O otimismo se baseia nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontaram um avanço de 1,4% no PIB no segundo trimestre de 2024 em comparação com o trimestre anterior. Esse crescimento acumulado atingiu 3,3% na comparação anual, superando as expectativas do mercado.
Diante desse cenário, Haddad destacou a consistência do atual desempenho econômico, que tem superado as expectativas. A equipe do Ministério da Fazenda deve concluir a revisão das projeções nos próximos dias, e o novo número oficial deve ser divulgado até o fim da semana.