Uso de celular em sala de aula desafia dia a dia dos professores

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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A realidade tem se tornado um dos principais desafios da educação contemporânea

Neste Dia dos Professores, a cena comum nas salas de aula se repete: o professor, após fazer perguntas sobre o conteúdo abordado, se depara com um silêncio ensurdecedor. Olhando para os alunos, descobre que, em vez de cadernos, muitos deles estão focados em suas telas, desconectados da atividade escolar. Essa realidade tem se tornado um dos principais desafios da educação contemporânea.

Pesquisadores apontam que a presença dos celulares em sala de aula é um obstáculo significativo para a interação e o aprendizado. Gilberto Lacerda dos Santos, professor da Universidade de Brasília (UnB), destaca que a solução pode estar na formação dos docentes. Para ele, é fundamental que haja uma capacitação contínua que prepare os professores a integrar as novas tecnologias de maneira eficaz. “Os educadores precisam ser valorizados, pois são eles que moldam os futuros cidadãos”, afirma.

Enquanto isso, o professor Lacerda, que atualmente estuda no Museu de História Natural da França, observa que os desafios enfrentados no Brasil em relação ao uso de tecnologias na educação são semelhantes aos da Europa. “A docência deve ser encarada como uma carreira de Estado, assim como os militares e diplomatas”, defende.

Fábio Campos, pesquisador da Universidade de Columbia, também expressa suas preocupações. Ele alerta que não basta simplesmente proibir o uso de celulares em sala de aula. “Precisamos de diretrizes que orientem o uso consciente da tecnologia”, enfatiza. Campos lamenta a necessidade de legislações proibitivas, especialmente em um contexto em que a saúde mental dos jovens está em jogo, citando o aumento de casos de ansiedade e depressão.

Recentemente, a pesquisa TIC Educação revelou que cerca de 60% das escolas de ensino fundamental e médio têm regras específicas para o uso de celulares, enquanto 28% proíbem completamente o aparelho. Essas medidas, embora necessárias, evidenciam a falta de uma política nacional que promova um uso equilibrado e benéfico da tecnologia na educação.

Com a pandemia, o uso das tecnologias digitais se tornou indispensável, mas mesmo após essa experiência, o Brasil ainda não investe em uma estratégia eficaz para incorporar a tecnologia de forma construtiva nas salas de aula. As vozes de educadores e pesquisadores indicam que é hora de repensar o papel dos celulares na educação, buscando um equilíbrio que favoreça o aprendizado e a saúde mental dos alunos. O silêncio na sala de aula pode ser um convite à reflexão sobre como trazer os alunos de volta ao diálogo.

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