UnB aprova cotas para pessoas trans em cursos de graduação
A nova política entra em vigor a partir do vestibular de agosto de 2025
A Universidade de Brasília (UnB) deu um passo significativo nesta quinta-feira (17), ao aprovar uma nova política de cotas que reserva 2% das vagas em seus mais de 130 cursos de graduação para pessoas trans. A decisão foi unânime no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e abrange travestis, mulheres trans, homens trans, transmasculinos e pessoas não-binárias. O vice-reitor Enrique Huelva destacou o caráter histórico da medida, que posiciona a UnB como pioneira em ações afirmativas para pessoas trans no Distrito Federal.
A nova política entra em vigor a partir do vestibular de agosto de 2025, com implementação prevista para o primeiro semestre de 2026. O objetivo é que as cotas sejam aplicadas em todas as modalidades de ingresso, incluindo os processos seletivos via Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo Diêgo Madureira, decano de Ensino de Graduação, as vagas destinadas às pessoas trans serão utilizadas apenas se o candidato ou candidata não for aprovado na ampla concorrência, e as remanescentes serão redistribuídas.
Estudos da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) indicam que apenas 0,3% das pessoas trans no Brasil acessam o ensino superior, com a maioria abandonando a educação formal antes de concluir o ensino médio. A assistente social Lucci Laporta, uma das poucas a se formar pela UnB, relatou as dificuldades enfrentadas por estudantes trans, desde a solidão até o desrespeito ao nome social. Para ela, a aprovação das cotas representa um avanço essencial para a inclusão e transformação do ambiente acadêmico.
Com essa nova resolução, a UnB se junta a outras universidades federais que já implementaram cotas para pessoas trans, como a UFABC, UFSB, UFBA e UFSC. Desde 2017, a UnB permite o uso do nome social para pessoas trans e travestis, e, em 2021, aprovou uma reserva de 2% das vagas de estágio para esse público. Além disso, a universidade já havia implementado cotas para pessoas trans em programas de pós-graduação.
O vice-reitor da UnB destacou que a universidade está preparada para acolher esses estudantes e promover sua permanência, respeitando suas identidades e subjetividades. Ele reforçou que a presença de mais estudantes trans trará novos aprendizados para a instituição e fortalecerá a luta por um ambiente acadêmico mais inclusivo e transformador.