Cresce endividamento das famílias com recordes em capitais do Sudeste e Sul
O aumento representa que 1,45 milhão de famílias a mais assumiram dívidas nos últimos dois anos
Uma pesquisa recente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revelou um cenário preocupante: 77% das famílias brasileiras têm algum tipo de dívida, de contas atrasadas a financiamentos imobiliários. Este aumento representa que 1,45 milhão de famílias a mais assumiram dívidas nos últimos dois anos, segundo o estudo realizado em julho de 2024, que ouviu 18 mil famílias em 27 capitais do país.
Dentre as famílias endividadas, uma proporção significativa (52%) reside no Sudeste, com São Paulo liderando o ranking em números absolutos, com 2.888.081 famílias com dívidas. Em seguida, o Rio de Janeiro apresenta 2.028.143 famílias nesta condição, seguido pelo Distrito Federal (765.823), Belo Horizonte (744.993) e Fortaleza (712.465). Em termos percentuais, Porto Alegre e Vitória lideram o ranking, com 91% das famílias endividadas, enquanto Belo Horizonte, Boa Vista e Curitiba apresentam 90% cada. Fortaleza também desponta, com 88%.
O estudo aponta, ainda, um aumento expressivo do endividamento em capitais como Teresina, onde o índice subiu de 61% para 86%, e em João Pessoa, de 78% para 87%. Cidades como Rio Branco, São Paulo e Curitiba, no entanto, mostraram uma leve redução em comparação com os dados de 2022.
As desigualdades regionais também influenciam o endividamento das famílias. Segundo a FecomercioSP, fatores como inflação, taxa de juros e renda familiar impactam as condições econômicas de cada região. Nas capitais onde a inflação e os juros elevados pressionam o consumo, o custo do crédito aumenta, elevando o risco de inadimplência.
Embora o endividamento crescente possa refletir um aumento no acesso ao crédito e, consequentemente, no consumo, ele também levanta preocupações quanto ao risco de inadimplência, especialmente para famílias mais vulneráveis. O economista Fábio Pina, da FecomercioSP, aponta que, apesar do endividamento acima da média histórica, o mercado de trabalho aquecido e a boa condição de renda permitem que as famílias reequilibrem suas contas. Para ele, o momento atual oferece uma oportunidade de ajustes econômicos: “Não antevejo um solavanco, mas uma desaceleração gradual da economia, o que permite ajustes tanto no mercado privado quanto nas políticas do governo”, conclui.
Com uma parcela significativa da população envolvida no cenário de dívidas, a FecomercioSP reforça a necessidade de políticas que incentivem o consumo de forma equilibrada, protegendo o orçamento das famílias e evitando um ciclo de inadimplência que poderia excluir ainda mais brasileiros do mercado financeiro.