Copom alerta para risco de prolongamento do ciclo de alta da taxa Selic
O comitê reitera seu compromisso de levar a inflação à meta estabelecida
O Comitê de Política Monetária (Copom) emitiu um alerta contundente nesta terça-feira (12), sinalizando que a desancoragem das expectativas de inflação pode estender o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic. O comitê reitera seu compromisso de levar a inflação à meta estabelecida e aponta que o ritmo dos próximos ajustes na Selic dependerá da evolução das expectativas e dos fundamentos econômicos.
Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano, após uma elevação de 0,50 ponto percentual decidida na última reunião de 5 e 6 de novembro, o que a posiciona no mesmo patamar de janeiro. Esse ajuste recente marca um novo capítulo em um ciclo de aperto monetário. Depois de um período de um ano com a Selic em 13,75% entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa passou por reduções graduais e um período de estabilidade, até retornar a uma trajetória de alta a partir de setembro.
O Copom enfatiza que o cenário de inflação de curto prazo se apresenta desafiador, especialmente em relação ao setor de serviços, que continua pressionado. A ata da reunião ainda descreve uma reavaliação dos preços de alimentos, influenciada pela estiagem ao longo do ano, e uma pressão adicional sobre os bens industrializados devido à variação cambial.
A perspectiva de aumento nos gastos públicos também foi abordada com preocupação pelo comitê, que indica sua relevância para os preços de ativos e as expectativas de inflação. A pesquisa Focus, que reflete o sentimento do mercado financeiro, projeta uma inflação de 4,6% para este ano e 4% para 2025, ainda acima das metas anuais. Na avaliação do Copom, ajustes nos gastos públicos são essenciais para conter expectativas inflacionárias, contribuindo para a redução dos riscos financeiros.
A decisão de elevação da Selic foi criticada por setores como a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que defendem que a taxa ideal de equilíbrio estaria em 8,4% ao ano. Centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, também manifestaram oposição ao aumento.
O Copom defende uma estratégia contracíclica para a política monetária e fiscal, destacando que a contenção de incentivos à atividade econômica ajudaria na estabilidade de preços. Segundo a análise do comitê, um controle mais estrutural dos gastos públicos poderia promover um crescimento econômico mais sustentável a médio prazo, afetando positivamente as condições financeiras e a alocação de recursos.
No cenário global, o Copom observa um contexto de incertezas, especialmente em relação à economia dos Estados Unidos. A ata menciona que a desinflação e a desaceleração econômica nos EUA seguem pouco previsíveis, criando dúvidas sobre a futura condução da política monetária pelo banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed).
Com base no cenário de referência do Boletim Focus, o Copom projeta o dólar a R$ 5,75 e a adoção da bandeira tarifária “amarela” para dezembro deste ano e 2025, prevendo um aumento de 2% ao ano no preço do petróleo após um período de estabilidade. Em meio às incertezas, o Copom mantém sua comunicação firme quanto à necessidade de acompanhamento contínuo dos indicadores econômicos, ressaltando seu compromisso em alinhar a inflação com as metas de forma sustentável.