Explosões no STF aumentam debate sobre responsabilização e defesa da democracia
O ministro Barroso alertou para os riscos das tentativas de deslegitimar as instituições democráticas do país
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira (14) que os ataques com explosivos na sede do tribunal reforçam a urgência de responsabilizar aqueles que atentam contra a democracia. Em uma declaração incisiva na abertura da sessão, Barroso alertou para os riscos das tentativas de deslegitimar as instituições democráticas do país.
“A gravidade do atentado de ontem nos alerta para a preocupante realidade que persiste no Brasil – a ideia de aplacar e deslegitimar a democracia e suas instituições. Reforça também e, sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”, disse o ministro, acrescentando que o episódio sublinha a periculosidade daqueles com os quais a Corte tem de lidar.
O incidente de quarta-feira expôs o chaveiro Francisco Wanderley Luiz atirando artefatos explosivos em direção à escultura A Justiça, localizada em frente ao prédio do STF. Imagens de segurança mostram o suspeito acendendo outro artefato preso ao seu corpo, momentos depois de seu carro ter explodido no estacionamento próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados.
Ao relembrar os atos golpistas de 8 de janeiro, Barroso rejeitou qualquer proposta de anistia para os envolvidos, afirmando que atitudes como essa naturalizam o absurdo e incentivam o mesmo tipo de comportamento. “Querem perdoar sem antes sequer condenar”, declarou.
O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, também reprovou o ataque e afirmou que esses atos não são incidentes isolados. Ele culpou o discurso de ódio e a disseminação de desinformação, atribuindo grande parte dessa atmosfera ao governo anterior, liderado por Jair Bolsonaro. “As investidas contra a democracia têm ocorrido explicitamente, à luz do dia, sem cerimônia nem pudor. Condutas como as de ontem, juntam-se a diversas outras já vivenciadas”, declarou Mendes.
Em sua fala, Mendes defendeu a regulação das redes sociais como forma de conter a indústria de desinformação e rejeitou a possibilidade de anistia aos condenados pelos atos de janeiro. Para ele, revisar os antecedentes desses ataques é essencial para um debate racional sobre a proteção das instituições brasileiras.
O episódio reacende o debate sobre a estabilidade democrática no país e coloca em pauta questões sensíveis, como a necessidade de punições exemplares e a regulamentação do uso das redes sociais.