Ataque com mísseis de longo alcance marca mil dias de guerra na Ucrânia
O ataque contou com seis mísseis táticos ATCMS
Em um movimento sem precedentes desde o início do conflito, a Ucrânia lançou mísseis de longo alcance contra o território russo nesta terça-feira (19), exatamente quando a guerra atinge a marca de mil dias. A operação, autorizada por Kiev após obter sinal verde dos Estados Unidos, atingiu uma instalação militar na região de Bryansk, ampliando as tensões no cenário internacional.
O ataque contou com seis mísseis táticos ATCMS, fornecidos pelos norte-americanos. O Ministério da Defesa russo afirmou que cinco dos projéteis foram interceptados por suas defesas aéreas, enquanto o sexto teria causado danos mínimos, resultando apenas em um incêndio rapidamente controlado. Não há registro oficial de vítimas ou de prejuízos estruturais significativos na instalação militar.
A autorização para o uso dessas armas em solo russo foi concedida no último domingo (17) pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em um dos atos finais de seu mandato. Antes disso, a utilização dos mísseis de fabricação americana estava restrita a operações dentro do território ucraniano. A decisão veio após intensas negociações com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que argumentou sobre a necessidade de expandir a capacidade de defesa e ataque de seu país.
A resposta de Moscou não tardou. Em declaração à imprensa durante a reunião do G20 no Rio de Janeiro, o chanceler russo Sergey Lavrov classificou a ação como uma “escalada perigosa” e atribuiu a ofensiva diretamente ao apoio de Washington. Lavrov enfatizou que, sem os Estados Unidos, a Ucrânia não teria condições de operar tal tecnologia.
O chanceler russo também destacou a possibilidade de recorrer à nova doutrina nuclear da Rússia, que admite o uso de armas de destruição em massa em situações de ameaça extrema. “Espero que nossos adversários leiam a doutrina com seriedade, ao contrário da forma seletiva como interpretam a Carta da ONU”, declarou.
Autoridades russas já haviam advertido anteriormente que ataques em solo russo utilizando armamento americano poderiam ser considerados como uma ação direta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no conflito. Esse marco, portanto, eleva o nível de incerteza sobre os próximos passos na guerra, enquanto aumenta os receios de uma escalada ainda mais ampla no cenário global.
Com as tensões renovadas e o conflito ganhando novas dimensões, o episódio reforça o papel central de aliados internacionais no rumo da guerra e evidencia os riscos de um envolvimento mais direto entre as potências ocidentais e Moscou.