Jovens negros enfrentam exclusão e preconceito no mercado de trabalho

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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O levantamento analisou as experiências de 3.257 adolescentes e jovens entre 14 e 23 anos

Uma pesquisa do Ensino Social Profissionalizante (Espro) revelou que 41% dos jovens negros no Brasil já foram excluídos de grupos sociais no ambiente de trabalho, enquanto 38% não tiveram suas ideias reconhecidas. O levantamento, realizado em parceria com a Diverse Soluções, analisou as experiências de 3.257 adolescentes e jovens entre 14 e 23 anos, identificando desafios recorrentes para os que se declaram negros — 70% pardos e 30% pretos.

Além da exclusão social, 30% dos jovens negros relataram dificuldades de acesso a ambientes ou equipamentos no trabalho, 29% sofreram violência verbal, física ou psicológica, e 19% não foram considerados para promoções. A discriminação também surge antes da contratação: 32% afirmaram ter sido desclassificados de vagas por suas características individuais.

Casos como o de Rayane Júlia Xavier da Silva, de 19 anos, ilustram essas dificuldades. Ela deixou um emprego após sofrer injúria racial de um colega. “Levei o caso aos superiores, mas nenhuma providência foi tomada. Acabei saindo porque tinha medo de que algo pior acontecesse”, relatou.

Os dados indicam que jovens negros enfrentam preconceitos mais intensos em outros contextos, como escolas, faculdades e serviços públicos, onde até 80% relataram ter presenciado ou vivido situações discriminatórias. No entanto, 66% disseram nunca sentir necessidade de omitir sua diversidade no trabalho, um reflexo dos avanços no debate sobre inclusão corporativa.

A pesquisa destacou ainda que mulheres negras da comunidade LGBTQIAPN+ sofrem os maiores impactos, com 86% relatando preconceito em ambientes educacionais e 45% no trabalho. Segundo Beatriz Santa Rita, da Diverse Soluções, essas barreiras reforçam a informalidade entre jovens negros, ampliando a desigualdade. Ela defendeu ações robustas das empresas para prevenir discriminação e promover acolhimento.

Para Alessandro Saade, do Espro, os esforços para tornar o mercado de trabalho mais inclusivo são um passo importante, mas insuficiente. “É fundamental que o ambiente corporativo se consolide como um espaço de acolhimento e crescimento, ajudando os jovens a superar desafios também fora do trabalho”, afirmou.

O estudo expõe um panorama de avanços e retrocessos na inclusão de jovens negros no mercado formal, reforçando a necessidade de políticas públicas e empresariais que promovam equidade e combatam práticas discriminatórias.

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