A atual situação do trabalho escravo que persiste no Brasil

Foto: Minitério Público do Trabalho/Divulgação
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Entre 2016 e 2023, mais de 12 mil pessoas foram resgatadas de condições degradantes em todo o país

No mês da Consciência Negra, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) reforça a luta contra o trabalho análogo à escravidão com a campanha De Olho Aberto para não Virar Escravo. O objetivo é conscientizar sobre essa prática ainda presente no Brasil, que tem como principais vítimas pretos (16,8%) e pardos (65,8%), somando 82,6% de negros entre os resgatados.

Entre 2016 e 2023, mais de 12 mil pessoas foram resgatadas de condições degradantes em todo o país, em operações lideradas por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego. Homens jovens, com baixa escolaridade e oriundos do Nordeste compõem a maioria dos casos. Contudo, a vulnerabilidade de mulheres negras também chama a atenção: elas representam quase 80% das mulheres resgatadas, evidenciando o peso da discriminação racial e de gênero.

As atividades econômicas mais associadas ao trabalho escravo incluem a pecuária, com 2.115 casos desde 1995, e as lavouras, que nos últimos anos ultrapassaram a pecuária como setor com mais ocorrências. Carvoarias e o trabalho doméstico também figuram como cenários recorrentes de exploração. No ambiente doméstico, a relação de poder entre patrões e vítimas complica a identificação e fiscalização, com muitos empregadores alegando falsos laços afetivos para justificar abusos.

Além de resgatar as vítimas, a CPT investe no acolhimento e na prevenção, como destaca Brígida Rocha, agente da entidade no Maranhão. Por meio de programas como a Rede de Ação Integrada para Combater a Escravidão (Raice), a campanha busca mobilizar trabalhadores e a sociedade para refletirem sobre as raízes culturais da escravidão e fortalecer estratégias de enfrentamento.

Denúncias podem ser feitas pelo Sistema Ipê, ferramenta crucial para combater uma realidade que, apesar de ilegal, ainda afeta milhares de brasileiros. A campanha da CPT é um lembrete de que a luta por justiça e igualdade continua, especialmente em um país onde a cor da pele ainda define o acesso a direitos básicos e a dignidade.

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