Escolas do Brasil enfrentam calor extremo e risco climático
A ausência de áreas verdes nas escolas é apontada como um agravante
Uma pesquisa do Instituto Alana, divulgada nesta quarta-feira (27), revelou que 64% das escolas de educação infantil e ensino fundamental nas capitais brasileiras estão em áreas com temperaturas pelo menos 1°C acima da média regional. Além disso, mais de 370 mil estudantes estão matriculados em instituições localizadas em zonas de risco climático, sujeitas a desastres como deslizamentos, tempestades e incêndios florestais, o que pode comprometer a continuidade do aprendizado.
A ausência de áreas verdes nas escolas é apontada como um agravante. Cerca de 37,4% das instituições pesquisadas não possuem vegetação em seus terrenos, o que intensifica o impacto das ondas de calor sobre os estudantes. Nas regiões Norte e Nordeste, o cenário é ainda mais preocupante: em capitais como Manaus, 97% das escolas registram temperaturas acima da média, enquanto Salvador lidera em escolas localizadas em áreas de risco, com 50% das instituições nessa condição.
A pesquisa também destacou a relação entre desigualdade racial e vulnerabilidade climática. Mais da metade das escolas em áreas de risco têm maioria de estudantes negros, enquanto apenas 4,7% atendem majoritariamente alunos brancos. Além disso, 11,3% das escolas estão situadas em favelas, com concentrações superiores a 50% em cidades como Manaus.
A especialista Maria Isabel Barros, do Instituto Alana, enfatiza que a falta de áreas verdes e a exposição ao calor extremo impactam diretamente o aprendizado e a saúde das crianças. Ela defende o uso de soluções baseadas na natureza, como a integração de vegetação nos pátios escolares para sombreamento e resiliência climática, além da criação de políticas que garantam espaços verdes acessíveis nas proximidades das escolas.
O estudo ainda revelou que apenas 1,9% dos espaços a até 500 metros das escolas são praças ou parques, evidenciando a carência de infraestrutura verde em áreas urbanas. Capitais como Porto Velho e Macapá apresentaram os piores índices nesse aspecto, com menos de 1,2% de áreas verdes ao redor das instituições.
Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de intervenções urgentes para mitigar os impactos do clima sobre o sistema educacional e combater as desigualdades que afetam estudantes em contextos de maior vulnerabilidade socioeconômica e ambiental.