Tabagismo impulsiona alta letalidade de cânceres no Brasil
A pesquisa revela que mais da metade dos pacientes diagnosticados com cânceres relacionados ao consumo de tabaco não sobrevivem à doença
O tabagismo permanece como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de cânceres letais no Brasil, segundo o estudo Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão, divulgado nesta quarta-feira (27) pela Fundação do Câncer. A pesquisa revela que mais da metade dos pacientes diagnosticados com cânceres relacionados ao consumo de tabaco não sobrevivem à doença, com letalidade que pode ultrapassar 80%, como nos casos de câncer de esôfago.
Os dados reforçam que o tabaco não é apenas o maior causador de câncer de pulmão, mas também está diretamente associado a outros tipos graves, como os de cavidade oral, estômago, cólon e reto, laringe, colo do útero e bexiga. Esses tipos, juntos, representaram 26,5% das mortes por câncer no Brasil em 2022 e 17,2% dos diagnósticos estimados para 2024.
O estudo detalha a alta letalidade de diferentes cânceres em regiões brasileiras, evidenciando desigualdades no impacto da doença. Por exemplo, a letalidade do câncer de esôfago entre homens no Sudeste chega a 98%, enquanto o câncer de estômago atinge até 83% no Norte do país. A pesquisa também alerta para a associação entre tabagismo e o câncer de colo do útero, destacando que substâncias do cigarro podem comprometer a imunidade local, facilitando infecções como pelo HPV, um fator de risco primário para a doença.
Alfredo Scaff, consultor médico e coordenador do estudo, enfatiza a agressividade das doenças relacionadas ao tabaco e a dificuldade no diagnóstico precoce e no tratamento. Ele aponta que os compostos do tabaco, incluindo a nicotina, são altamente prejudiciais às células epiteliais, presentes em órgãos como boca, laringe, esôfago e vagina, favorecendo o surgimento de cânceres nesses tecidos.
Com o câncer ocupando o posto de segunda maior causa de mortes no Brasil, somando 239 mil óbitos em 2022, o estudo faz um apelo para ações de conscientização e prevenção. “O tabagismo é uma causa muito forte para o desenvolvimento desses cânceres, mas também uma das mais evitáveis”, conclui Scaff.