Apoio à restrição de celulares nas escolas alcança 86% dos brasileiros
Apenas 14% dos entrevistados se opõem a qualquer proibição
Um levantamento da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados mostra que a maioria dos brasileiros apoia algum tipo de restrição ao uso de celulares nas escolas. Conforme o estudo, 86% da população vê com bons olhos a imposição de limites para o uso dos aparelhos, e 54% defendem a proibição total. Outros 32% são favoráveis ao uso controlado dos celulares, apenas em atividades pedagógicas e com supervisão dos professores. Apenas 14% dos entrevistados se opõem a qualquer proibição.
A pesquisa ouviu 2.010 pessoas em todo o Brasil entre os dias 22 e 27 de outubro e revelou que, entre os jovens de 16 a 24 anos, 46% são a favor da proibição total, enquanto 43% defendem o uso parcial dos celulares em sala de aula, sugerindo uma adesão ampla mesmo entre os mais jovens. O apoio à restrição completa é maior entre pessoas com maior renda: 67% dos entrevistados com ganhos acima de cinco salários mínimos defendem a proibição, contra 54% do total da população.
Para a psicopedagoga Camila Sampaio, do Instituto Vínculo, a proibição parcial é a mais adequada, desde que o uso pedagógico seja feito sob orientação dos professores. “Há aplicativos que podem complementar o conteúdo, como aqueles que usam realidade aumentada ou jogos educativos, mas o uso excessivo é prejudicial. Pode impactar a atenção e a memória, além de dificultar a socialização e o desenvolvimento de habilidades de comunicação verbal”, explica Sampaio.
O debate se estende ao Congresso, onde tramita um projeto de lei para limitar o uso de celulares nas escolas. A proposta, já aprovada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, prevê a proibição para crianças de até 10 anos, permitindo o uso pedagógico a partir dos 11. Em São Paulo, a Assembleia Legislativa aprovou recentemente um projeto que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos em escolas, incluindo o recreio e outros períodos livres, enquanto permite exceções para fins pedagógicos e alunos com deficiência.
O projeto paulista, aprovado em regime de urgência e com apoio de parlamentares de diferentes espectros políticos, segue agora para a sanção do governador Tarcísio de Freitas. Com ele, espera-se que sejam criados protocolos específicos para a guarda dos aparelhos nas escolas e que estas possam regular de forma independente como aplicarão as medidas.
O diretor-executivo da Nexus, Marcelo Tokarski, acredita que os dados da pesquisa refletem uma preocupação crescente entre pais e alunos sobre o uso excessivo de celulares nas escolas e seu impacto no aprendizado. Segundo Tokarski, “os 86% de aprovação a algum tipo de restrição indicam uma percepção clara de que é necessário regular o uso dos celulares para preservar o processo de aprendizagem nas escolas brasileiras”.