Movimento cobra protocolo de saúde para afetados por tragédia de Brumadinho

A reivindicação ganhou força após a divulgação de um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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Seis anos após o rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reforçaram a necessidade de criar um protocolo específico de saúde para as populações impactadas. A reivindicação ganhou força após a divulgação de um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que detectou níveis preocupantes de metais como arsênio e chumbo em amostras de urina de crianças com até seis anos de idade que vivem na região atingida.

“Esse aumento no índice de contaminação, especialmente entre crianças, é inaceitável. Precisamos de um protocolo urgente para enfrentar essa situação, e a Vale deve assumir sua responsabilidade. A contaminação atinge o sangue das pessoas, os animais e as plantas, trazendo sérios problemas de saúde”, afirmou Joceli Andrioli, da coordenação do MAB, durante ato em memória às vítimas, realizado neste sábado (25) em Brumadinho.

O estudo da Fiocruz, com base em análises de sangue e urina coletadas em 2023, revelou que todas as crianças avaliadas apresentavam traços de pelo menos um dos cinco metais analisados – cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês. O percentual de crianças com níveis elevados de arsênio, por exemplo, subiu de 42% em 2021 para 57% em 2023. Entre adultos, o arsênio foi o metal mais detectado, com índices acima do limite de referência em 20% das amostras analisadas.

Além da contaminação, o estudo também apontou aumento na prevalência de condições de saúde, como colesterol alto e doenças respiratórias, em comparação aos dados de dois anos atrás. Para os pesquisadores, embora os resultados indiquem exposição aos metais, apenas uma avaliação clínica detalhada pode confirmar casos de intoxicação.

A tragédia de Brumadinho resultou na morte de 272 pessoas, incluindo dois bebês ainda no útero de suas mães. Além das perdas humanas, a avalanche de rejeitos causou impactos profundos ao meio ambiente e à saúde das comunidades ribeirinhas ao longo da bacia do Rio Paraopeba.

O MAB destacou ainda a necessidade de políticas abrangentes para atender os atingidos por barragens em todo o país. “A lama tóxica continua a gerar consequências graves, como vemos também na bacia do Rio Doce, atingida em 2015 pelo rompimento da barragem da Samarco. É urgente garantir que populações inteiras não sejam esquecidas”, acrescentou Andrioli.

A criação de um protocolo de saúde que contemple avaliações médicas regulares, diagnósticos aprofundados e suporte contínuo às comunidades afetadas é vista como essencial para mitigar os efeitos da tragédia e prevenir novos desastres humanos e ambientais.

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