A política de Donald Trump contra imigrantes gerou novos atritos diplomáticos no último fim de semana, provocando reações de governos da América Latina. No sábado, 25 de janeiro, brasileiros deportados chegaram ao Brasil algemados e amarrados, em cenas que repercutiram internacionalmente. A decisão do governo americano de transportar deportados sob essas condições foi duramente criticada e gerou resistências imediatas de países como México e Colômbia.
No caso colombiano, o presidente Gustavo Petro inicialmente se recusou a receber aviões militares com deportados, exigindo condições dignas de transporte. Em resposta, Trump anunciou sanções econômicas, suspendendo a emissão de vistos e impondo uma taxa de 25% sobre produtos colombianos. Petro reagiu com firmeza, ameaçando retaliar com uma taxação de 50% sobre produtos americanos e divulgando um comunicado em que denunciava o autoritarismo da Casa Branca e exortava a unidade latino-americana.
A escalada diplomática, no entanto, durou poucas horas. Durante a madrugada, as partes chegaram a um acordo, e as sanções foram suspensas sob a condição de a Colômbia aceitar os deportados.
Enquanto isso, a repercussão internacional cresce. O governo brasileiro desautorizou o uso de algemas e correntes em deportados e solicitou explicações formais ao governo americano. O Ministério dos Direitos Humanos está elaborando um relatório sobre denúncias de maus-tratos contra brasileiros durante o transporte em aviões militares.
Diante do agravamento das tensões, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) convocou uma reunião extraordinária para o próximo dia 30 de janeiro. Sob a presidência pro tempore de Xiomara Castro, de Honduras, líderes da região discutirão a crise migratória, as políticas de Trump e outros temas como meio ambiente e integração regional.
Com a crise ainda em desdobramento, a política de deportações do governo Trump reforça tensões históricas entre os Estados Unidos e a América Latina, reacendendo o debate sobre soberania, dignidade dos migrantes e a unidade regional frente às pressões do país norte-americano.