As ações das gigantes americanas de tecnologia sofreram uma queda histórica nesta segunda-feira (27), impactadas pela ascensão da startup chinesa DeepSeek. A Nvidia, líder no mercado de chips, perdeu 17% de seu valor, o equivalente a US$ 588 bilhões, registrando a maior queda em um único dia para um ativo na história. O episódio tirou a empresa do posto de mais valiosa do mundo.
O colapso foi desencadeado pelo lançamento do assistente de inteligência artificial “R1” pela DeepSeek, uma startup com apenas um ano de existência. Desenvolvido com um orçamento surpreendentemente modesto de US$ 5,6 milhões, o R1 tem funções semelhantes ao ChatGPT, mas custou uma fração dos valores que as gigantes americanas investem. Apenas na semana passada, a Meta anunciou que destinaria mais de US$ 65 bilhões para o desenvolvimento de sua inteligência artificial em 2024.
A conquista da DeepSeek é ainda mais impressionante diante das restrições impostas pelo governo americano ao fornecimento de semicondutores avançados à China. Apesar disso, a startup conseguiu criar seu modelo utilizando chips de baixa potência e, nesta segunda-feira, superou o ChatGPT em downloads nas lojas de aplicativos, abalando a confiança no domínio das Big Techs.
A inovação da DeepSeek também acirrou a rivalidade geopolítica entre Estados Unidos e China, que se reflete no campo da inteligência artificial. Donald Trump, em resposta ao avanço chinês, lançou recentemente o programa “Stargate”, que prevê até US$ 500 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos.
Marc Andreessen, um dos nomes mais influentes do Vale do Silício e aliado de Trump, comparou o impacto do R1 ao “momento Sputnik”, que marcou a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética. Em uma publicação no X, ele descreveu o chatbot como “um dos avanços mais incríveis e impressionantes” da era digital e destacou sua natureza open source como um “presente profundo para o mundo”.
O feito da DeepSeek é visto como um divisor de águas na corrida pela supremacia tecnológica, desafiando o domínio das maiores empresas do setor e colocando a China no centro da disputa pela liderança em inteligência artificial.