Custo da construção civil dispara com aumento de mão de obra e desafios estruturais

O cenário preocupa empresários, que projetam novas elevações em 2025
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O setor de construção civil encerrou 2024 com um aumento acumulado de 6,54% nos custos, impulsionado principalmente pelos gastos com mão de obra, que subiram 8,56% no ano. O Custo Unitário Básico (CUB) da construção paulista fechou o ano em R$ 2.039,53 por metro quadrado, conforme dados do Sinduscon-SP. Esse cenário preocupa empresários, que projetam novas elevações em 2025, tanto pela pressão inflacionária quanto pelas dificuldades relacionadas à força de trabalho.

A disparada nos custos da mão de obra reflete uma série de entraves enfrentados pelo setor. Entre os principais, destacam-se a dificuldade em atrair jovens para carreiras técnicas, a falta de formação adequada e práticas trabalhistas que desvalorizam os trabalhadores. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sintracon-SP), a alta incidência de contratos por produtividade é uma das principais críticas, pois esses pagamentos extras frequentemente não são formalizados no contracheque, o que inviabiliza o recolhimento de FGTS e INSS e prejudica os direitos dos empregados.

Mesmo com o aumento nos custos de mão de obra, o sindicato denuncia que não houve valorização efetiva dos trabalhadores. Em nota, a entidade defendeu que a real valorização da categoria passa pelo cumprimento da legislação trabalhista e pela garantia de direitos.

Do lado das empresas, o coordenador do grupo de Recursos Humanos do Sinduscon-SP, David Fratel, destacou o envelhecimento da força de trabalho como um problema crônico. A idade média dos profissionais no setor é de 42 anos, período em que a produtividade começa a cair. Além disso, as dificuldades para atrair novos trabalhadores são agravadas pela falta de interesse de jovens em ingressar em profissões como pedreiro e carpinteiro, que, embora possam oferecer remuneração superior a R$ 10 mil, frequentemente estão associadas a contratos precários.

Como resposta aos desafios, o setor busca modernizar suas práticas e atrair novos talentos. Entre as iniciativas em curso estão parcerias com o Senai para a oferta de cursos técnicos e um projeto com a Secretaria Estadual de Educação para levar formação profissional ao ensino médio público. Além disso, está em discussão no fórum permanente de negociações das entidades um plano de carreira e salários padronizado, com previsão de conclusão ainda este ano.

Apesar das adversidades, o setor reconhece que a inovação e a estabilidade serão essenciais para reverter o cenário atual e garantir o equilíbrio entre os custos crescentes e a demanda por produtividade.

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