Empresas cearenses devem perder mais de R$ 600 milhões com tarifas sobre o aço aplicadas por Trump

Ação taxa o produto em 25%; Estado pode deixar de arrecadar mais de R$ 100 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços já em 2025
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O aço representou 37% das exportações do Ceará em 2024, totalizando US$ 545 milhões comercializados no exterior. Destes, pouco mais de 80%, representando US$ 438,2 milhões foram para os Estados Unidos. Assim, a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de taxar em 25% todas as importações de aço e de alumínio para o país deixa o mercado mundial e brasileiro em alerta. A medida também afetará e, em particular, as empresas cearenses.

O decreto de Trump faz parte de um plano de tarifas recíprocas. “De forma muito simples, se eles nos cobrarem, nós os cobraremos”, disse, lembrando que as taxas deverão ser aplicadas a todos. Ele ainda prometeu conceder entrevista nos próximos dias para fornecer informações detalhadas sobre o plano de tarifas recíprocas.

Como o Ceará pode ser afetado
De acordo com Eldair Melo, mestre em Economia e integrante do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), o impacto da medida do presidente norte-americano é a redução de 20% das exportações de aço do Ceará para os Estados Unidos.

“Então, uma diminuição de 20% representaria uma perda de US$ 107 milhões (cerca de R$ 618 milhões com o dólar a R$ 5,78) em receitas para as empresas locais”, diz Melo, considerando o total de exportações de aço ocorrida em 2024.

“Em termos de arrecadação tributária, considerando uma alíquota média de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 18%, o Estado deixaria de arrecadar aproximadamente US$ 19 milhões, cerca de R$ 111 milhões, considerando a taxa de câmbio de R$ 5,77”, pondera.

O economista ainda aponta um estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), no qual o Estado já estaria enfrentando desafios no comércio exterior.

“Inclusive, em 2024, houve redução da participação do Ceará nas exportações nacionais e da região Nordeste também”, comenta Melo, relatando uma queda de 35,4% nas exportações do aço cearense, comparando o período de 2023 e 2024.

“E essa tendência de queda nas exportações, especialmente de produtos metalúrgicos, pode se acentuar com o aumento da tributação do aço pelos Estados Unidos”.

Empregos e novas estratégias
A possível redução das exportações, para o conselheiro do Corecon-CE pode resultar, também, em um movimento de demissões em cerca de 20% do total de trabalhadores atuais, caso não haja medidas compensatórias ou o redirecionamento da produção para outros mercados.

“Essas projeções ressaltam a importância de políticas públicas e estratégicas empresariais voltadas para a diversificação de mercados e produtos, visando mitigar os impactos adversos de mudanças nas políticas comerciais internacionais”.

Taxação já foi pauta do primeiro mandato de Trump
Anteriormente, durante seu primeiro mandato, Trump havia imposto tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Porém, posteriormente, concedeu isenções a alguns parceiros comerciais. Isso incluía o Brasil, por meio de cotas de exportação isentas de tarifas — o limite era de 3,5 milhões de toneladas anuais, com sobretaxação no que exceder esse volume.

Com o novo anúncio, essas tarifas adicionais de 25% se somam às já existentes, elevando ainda mais o custo das exportações brasileiras para o mercado americano.

Assim, a implementação dessa tarifa, provavelmente, segundo o economista Alexa Araújo, deve reduzir as exportações de aço do Ceará para os EUA, devido ao aumento do custo do produto no mercado americano.

“Isso pode levar a uma diminuição na produção local, afetando diretamente a economia do Estado, que tem na siderurgia uma de suas principais atividades exportadoras”.

Ele comenta que empresas como a ArcelorMittal, que opera no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, podem ser diretamente impactadas, “considerando sua significativa participação nas exportações para os EUA”. Procurada pelo Diário do Nordeste, a empresa informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se manifestaria sobre o assunto.

Já no cenário global, Araújo destaca que a imposição de tarifas elevadas pelos EUA pode desencadear disputas comerciais, levando outros países a adotarem medidas retaliatórias. “Isso pode resultar em distorções no comércio internacional de aço, com possíveis realocações de fluxos comerciais”.

Para o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA, a medida pode, conforme o especialista, significar a necessidade de buscar novos mercados ou intensificar relações comerciais com outros parceiros.

“Especificamente para o Ceará, além da redução nas exportações, pode haver pressão para diversificar sua pauta exportadora e reduzir a dependência do mercado norte-americano”.

Fonte- Diário do Nordeste

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