A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) divulgou, nesta quarta-feira (22), o prognóstico das chuvas para o trimestre de fevereiro a abril de 2025. O estudo aponta uma probabilidade de 45% de chuvas dentro da normalidade, com 35% de chance de chuvas abaixo da média e 20% acima dela.
O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, explicou que a previsão foi realizada com base em modelos climáticos globais e regionais, além de fatores atmosféricos e oceânicos, como o aquecimento do Atlântico Tropical. Esse aquecimento pode influenciar o clima do Ceará, principalmente nas regiões mais ao norte do estado. A previsão aponta também que as áreas do noroeste do estado devem registrar anomalias positivas de precipitação, enquanto o sudeste pode apresentar chuvas abaixo da média.
“Para chegar a esse resultado, o principal fator foi o aquecimento no Atlântico Tropical. A zona equatorial do Atlântico e o Atlântico Norte estão mais aquecidos, o que pode impactar as chuvas no estado, principalmente na parte central e sul do Ceará”, detalhou Martins.
O balanço das chuvas entre dezembro e janeiro, período que ainda antecede a quadra chuvosa, já mostra um cenário de precipitações acima da normalidade. Até a última quarta-feira (22), o Ceará registrou 177,9 milímetros de chuvas, superando a média de 136,1 milímetros. No entanto, é importante ressaltar que as chuvas da Pré-Estação não têm relação com os fenômenos que caracterizam a quadra chuvosa, que inicia de fato em fevereiro.
Martins mencionou que, antes do dia 15 de janeiro, as chuvas estavam cerca de 70% abaixo da média para o mês. No entanto, um evento de precipitação no dia 15 de janeiro, que resultou em 62,2 milímetros de chuvas no estado, contribuiu significativamente para o aumento do acumulado, colocando o mês de janeiro com 13% a 14% acima da média histórica.
O cenário hídrico do Ceará também apresenta sinais positivos, com seis açudes sangrando e três açudes com mais de 90% de sua capacidade. Os 157 açudes gerenciados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) estão, em média, com 43% de sua capacidade total, o que, segundo o presidente da Cogerh, Yuri Castro, é uma boa notícia para o início da quadra chuvosa. Contudo, o sertão de Crateús, onde o volume de água nos reservatórios é inferior a 20%, ainda representa uma preocupação.
“Nos últimos 30 anos, este é um dos melhores inícios de quadra chuvosa, com açudes em situação tão favorável. Porém, o cenário ainda é preocupante em algumas regiões, como a de Crateús, que continua com níveis críticos de água”, comentou Castro.
Diante desse cenário, a Funceme destaca a importância de o Ceará continuar monitorando as condições climáticas e fazer uso de previsões mais curtas, como o sistema sub-sazonal, que analisa o clima para períodos de até 44 dias. Isso ajuda na mobilização de equipes da Defesa Civil e outros órgãos responsáveis por mitigar os impactos das chuvas, caso ocorram eventos extremos.
“É essencial que a população continue atenta às previsões diárias e que as equipes de Defesa Civil se preparem para eventuais eventos climáticos. A Funceme tem trabalhado para fornecer as informações necessárias aos órgãos responsáveis por ações de resposta e mitigação”, afirmou Martins.
O secretário executivo dos Recursos Hídricos, Ramon Rodrigues, compartilhou uma visão otimista para as chuvas deste ano, especialmente nas regiões mais secas, como Crateús. Ele destacou que o esperado é que o Ceará continue com bons níveis nos reservatórios, o que permitirá a manutenção do abastecimento hídrico.
“Esperamos que as regiões mais vulneráveis, como Crateús, tenham recargas melhores, além dos grandes reservatórios, para garantir o abastecimento contínuo. Também é fundamental que a população continue cadastrando seus barramentos, para evitar emergências com rompimentos”, finalizou Rodrigues.
Com a previsão favorável para as chuvas, os cearenses podem esperar um cenário hídrico mais tranquilo, mas o acompanhamento das condições climáticas continua sendo fundamental para minimizar os impactos de possíveis eventos extremos.
Fonte- GCMAIS