O governo federal anunciou um pacote de investimentos que visa fortalecer o desenvolvimento de tecnologias essenciais para a soberania e defesa nacionais. Com um montante total de R$ 112,9 bilhões, sendo R$ 79,8 bilhões de recursos públicos e R$ 33,1 bilhões do setor privado, os investimentos serão direcionados para avanços em áreas como lançadores de foguetes, radares e satélites.
Os projetos fazem parte da Missão 6 do programa Nova Indústria Brasil (NIB), que completou um ano em janeiro. A iniciativa foi celebrada em evento no Palácio do Planalto com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou os avanços na indústria brasileira, destacando um crescimento de 3,1% no setor e de 3,7% na indústria de transformação, o dobro da média mundial. Segundo ele, as exportações da indústria de transformação alcançaram um recorde de US$ 189 bilhões em 2024, gerando mais empregos e renda para a população.
No setor de defesa, os números também são positivos. O Brasil exportou US$ 1,8 bilhão em 2024, um aumento de 22% em relação ao ano anterior. Em 2023, as exportações haviam sido de US$ 1,5 bilhão, um crescimento expressivo de 123% comparado a 2022.
O NIB é uma política industrial que busca ampliar a autonomia produtiva e promover a modernização do parque industrial brasileiro. O programa abrange setores como agroindústria, saúde, infraestrutura urbana, tecnologia da informação, bioeconomia e defesa, com metas de desenvolvimento até 2033. No total, a indústria nacional já conta com R$ 3,4 trilhões em investimentos anunciados, sendo R$ 1,2 trilhão do setor público e R$ 2,2 trilhões do setor privado.
A Missão 6, voltada especificamente para a soberania e defesa, terá R$ 79,8 bilhões em recursos públicos, dos quais R$ 42,1 bilhões já foram alocados entre 2023 e 2024, e outros R$ 37,7 bilhões estarão disponíveis até 2026. Entre os projetos financiados, destacam-se o PAC Defesa, com R$ 31,4 bilhões para iniciativas como o caça Gripen, o cargueiro KC-390, viaturas blindadas, fragatas e submarinos.
O investimento privado também desempenha um papel crucial, totalizando R$ 33,1 bilhões. Desse montante, R$ 23,7 bilhões serão destinados aos setores aeroespacial e de defesa, R$ 8,6 bilhões para o setor nuclear e R$ 787 milhões para segurança e outros segmentos. Durante o evento, a Embraer assinou contratos de financiamento de R$ 331 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de R$ 2,1 bilhões com a Finep, destinados à aquisição de aeronaves por uma companhia aérea dos Estados Unidos.
A Finep também investe em projetos estratégicos, como o reator multipropósito brasileiro e o foguete de decolagem para veículos hipersônicos, com R$ 4,2 bilhões já aplicados e previsão de mais R$ 331 milhões. A Missão 6 tem como objetivo fortalecer as cadeias produtivas de satélites, lançadores e radares, consideradas prioritárias para exportação e geração de empregos qualificados.
O Brasil atualmente domina 42,7% das tecnologias críticas para a defesa. A meta do governo é atingir 55% até 2026 e 75% até 2033, consolidando o país como um importante player na indústria de alta tecnologia e defesa global.