Estudo aponta estagnação na qualidade da água dos rios da Mata Atlântica

Os dados foram coletados em 145 pontos de 67 municípios, 18 a mais do que no estudo anterior, realizado em 2023
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A qualidade da água dos rios da Mata Atlântica segue preocupante, conforme revelou um levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica em 2024. A pesquisa, realizada em 112 rios de 14 estados, apontou uma leve piora em alguns pontos e poucas melhorias, limitadas a projetos pioneiros. Além disso, houve um aumento sutil, mas significativo, nos trechos onde a qualidade da água foi classificada como ruim.

Os dados foram coletados em 145 pontos de 67 municípios, 18 a mais do que no estudo anterior, realizado em 2023. O relatório indica que 75,2% dos pontos analisados apresentam qualidade regular, um sinal de vulnerabilidade dos recursos hídricos da região. Apenas 7,6% foram considerados bons, enquanto 13,8% foram classificados como ruins e 3,4% atingiram a pior categoria, péssima. Nenhum ponto registrou qualidade ótima.

A pesquisa utilizou o Índice de Qualidade da Água (IQA) para avaliar as condições dos rios, seguindo critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). De acordo com esse índice, rios com qualidade ótima ou boa são adequados para abastecimento e vida aquática equilibrada, enquanto aqueles classificados como regulares já apresentam impactos ambientais que comprometem seu uso. Nos casos de qualidade ruim ou péssima, a poluição atinge níveis críticos, prejudicando a biodiversidade e a saúde pública.

O coordenador do programa Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, Gustavo Veronesi, aponta que os avanços previstos pelo marco legal do saneamento, aprovado em 2020, ainda não se traduziram em investimentos concretos na melhoria da qualidade da água. Para ele, as soluções convencionais podem ser insuficientes para alcançar a meta de universalização do saneamento até 2033, exigindo abordagens alternativas para atender áreas rurais e comunidades isoladas.

Uma iniciativa bem-sucedida ocorre no bairro do Butantã, em São Paulo. O Parque da Fonte Peabiru, localizado em um terreno tombado e de utilidade pública, enfrentou problemas de poluição por esgoto doméstico por anos. No entanto, um projeto comunitário, apoiado pela SOS Mata Atlântica, implementou um sistema de descontaminação baseado em um Tanque de Evapotranspiração (Tevap). Essa solução de permacultura impede que efluentes de cerca de 30 moradores sejam despejados no parque.

Para Cecília Pellegrini, moradora do bairro e participante do projeto, iniciativas locais como essa representam o futuro do saneamento. Desde a conclusão do sistema em dezembro, a qualidade da água melhorou significativamente, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a comunidade. Além disso, o projeto trouxe ganhos ecológicos ao bairro, com a plantação de árvores e vegetação filtrante, reforçando a importância de soluções descentralizadas e sustentáveis para a preservação dos recursos hídricos.

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