Bancada do PT critica a corrupção dos outros
A bancada do PT na Câmara dos Deputados pediu ao STF que afaste o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de uma operação policial que investiga possíveis crimes administrativos. Duvidei da notícia, mas é verdadeira. Isso deve provocar grave desmatamento na plantação de peroba, para produzir tanto óleo.
O ministro é alvo de uma estranha operação de investigação conduzida pela Polícia Federal, sob os auspícios do STF. Mas Alexandre de Moraes, mais uma vez, escanteia a Procuradoria Geral da República. Segunda a Constituição, o Ministério Público é o titular da Ação Penal Pública, mas isso é coisa menor para xerife togado.
O ovo da serpente chocou a sociedade a partir do inquérito do fim do mundo (fakenews) e eclodiu nas ações subsequentes. Já é a terceira barbaridade jurídica cometida por Moraes, todas elas sem a participação da PGR. Começou em defesa do STF, que estaria sendo ameaçado por uma horda de bolsonaristas. Ele figura como vítima, investigador e juiz, fulminando o sistema acusatório.
Na prisão do deputado Daniel Silveira (PSL), inventou flagrante, prisão na calada da noite, sem solicitação da polícia ou do MP. Agiu de ofício, o que é muito estranho. E agora nas investigações do Meio Ambiente. Um dos indícios é a movimentação atípica de R$ 14,5 milhões em seu escritório de advocacia. Só que este montante é desde 2012. Quase nada, se comparar ao que a mulher de Dias Tofolli ganha, segundo Sérgio Cabral (4 milhões em duas ações).
A estranheza dessa operação é porque o ministro enfrentou um delegado da PF, que ofereceu uma notícia-crime contra Salles no STF, depois que o delegado foi exonerado de suas funções. O imbróglio se deu depois de grande apreensão de madeira. Posteriormente, a Justiça liberou o produto para exportação.
Mas voltemos a bancada do óleo de peroba. Quase todos os signatários do pedido ao STF tem problemas com a Justiça, incluindo os três representantes do Ceará, que já passaram pelos escaninhos da investigação. Luizianne Lins, por crime de responsabilidade; José Airton Cirilo, no escândalo das ambulâncias; e José Guimarães (dólar na cueca) citado na Lava Jato por desvios no BNB.
Todos eles alegam inocência e se dizem vítimas de perseguição. Mas o histórico pessoal foi insuficiente para gerar empatia, pois ainda não há nada contra o ministro Sales, nem mesmo apresentação de denúncia, que cabe ao MP apresentar.
O PT entende bem de corrupção. Nada menos que 18 ministros dos governos petistas estão sendo ou foram investigados pelo STF. Além disso, Lula, Dilma e toda a cúpula do partido já se sentaram na cadeira dos réus no Supremo.