Denúncia de esquema de rachadinha em Sobral
A suposta rachadinha da Câmara de Vereadores de Sobral, segundo a denunciante, Ana Célia Carneiro Rodrigues, foi acertada no gabinete do vereador Rogério Arruda para quem ela trabalhou em duas campanhas.
Ana Célia Carneiro Rodrigues, 47, Agente Local do bairro Dom José, fez uma denúncia para o radialista Paulo Porfírio de um suposto esquema de rachadinha praticado desde 2013. A denunciante afirma que pessoas do alto escalão da prefeitura têm conhecimento da prática do esquema. O radialista entrevistou a agente local e postou o vídeo da denúncia em suas redes sociais nesta segunda (22) que repercutiu nas mídias.
Ana Célia explicou que o esquema foi acertado no gabinete do vereador Rogério Arruda e que funcionava da seguinte forma: Em troca do trabalho de Ana Célia em campanhas políticas para o vereador, ela ganharia o cargo de agente local, mas teria que repassar 50% do salário para dona Caetana Arruda, já falecida, prima legítima de Rogério Arruda. A Prefeitura, segundo Ana Célia, depositava o salário na íntegra e de acordo com o que foi combinado com o vereador, ela ficava com 50% e repassava a outra parte.
A ex-agente local disse ainda que com o falecimento de Caetana Arruda, seu irmão Benedito Jucélio Bezerra Arruda, foi até sua casa para dizer que ela teria que dividir, a partir de então, com Ozilda Ferreira da Ponte, filha da falecida. O salário de agente local, em junho de 2020, foi reduzido para 30%, por causa da pandemia e Ana Célia passou a receber apenas R$ 300,00 e repassar R$ 150,00. Quando Ana Célia ficou doente, em fevereiro de 2020 deixou de dar a outra parte para Ozilda Ferreira, mesmo sendo pressionada por Benedito Arruda. “Ameacei denunciar para a imprensa e eles disseram que não ia dá em nada”. Disse Ana Célia.
A denunciante afirmou que outra funcionária da Prefeitura, uma zeladora, que não teve o nome revelado, também era obrigada a devolver a metade de seu salário para a família do vereador. “Não é justo a pessoa lamber o chão e pegar seu salário e dar, enquanto o outro fica em casa”. Disse Ana Célia.
Ana Célia disse que na quarta-feira (20/05) foi desvinculada do cargo e acredita tenha sido por causa de ter se recusado a praticar a rachadinha. “Recebi uma ligação de Juliene e um áudio de Luiza Melo dizendo que eu fosse na Prefeitura para assinar minha demissão. Eu não quero mais trabalhar na prefeitura, porque emprego de prefeitura é hoje e amanhã não, se não ficar com Vereador eu não arrumo emprego, porque o prefeito é mandado pelos vereadores.
A agente local disse que foi demitida de forma injusta já que trabalhou em duas campanhas para o vereador Rogério Arruda. “O emprego que ele me deu foi emprego de rachadinha, e ele tem consciência porque o acordo foi entre eu e ele”.
O radialista Paulo Porfírio ouviu Benedito Arruda, que disse que o cargo de agente local é uma indicação do vereador e condicionado ao prefeito. A partir daí é da responsabilidade do prefeito. “Vereador não tem nada a ver. O vereador não tem cargo algum de prefeitinho, ele simplesmente indica”, disse ele.
Benedito Arruda falou ainda que Ana Célia foi demitida porque traiu o vereador Rogério Arruda trabalhando para o vereador Malon Sobreira. “Eu fiquei besta quando vi o vídeo. Ela era para estar com o Marlon Sobreira. Ela era para estar no grupo do Marlon Sobreira. O que eu tenho contra ela é que ela cita meu nome sem nenhuma importância. É mentira dela essa rachadinha. Eu não entendo como existe rachadinha se eu estou dando porque eu quero. Não é descontado, não é obrigado. É coisa acertada em um acordo”. Afirmou Benedito Arruda.
O Portal Paraíso entrou em contato com o Vereador Rogério Arruda que disse não ter nada a ver com a história e que Ana Célia não é funcionária da Câmara, mas da Prefeitura e que ela tem que resolver a questão na Prefeitura e que só ia se pronunciar quando a denúncia for formalizada no Ministério Público. O Portal Paraíso entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura, mas até o fechamento desta matéria não teve resposta.