Diretora da Precisa derruba narrativa de corrupção na CPI

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Para quem no dia anterior se recusou a responder qualquer pergunta, Emanuela Medrades não deixou nada sem resposta, mesmo diante das reiteradas tentativas de intimidação. Não se abalou com o tom sarcástico de Calheiros, nem com a grosseria de Aziz, tampouco com a descortesia de Simone Tebet. Para os abutres da CPI, talvez fosse melhor que ela tivesse ficado calada.

O depoimento de Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos, para a CPI da Covid nesta quarta (14/7), derrubou um leque de versões que embasariam denúncias de possíveis irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, pelo Ministério da Saúde.

O mais incisivo foi em relação a datas. Enquanto os irmãos Miranda falavam do recebimento de invoice no dia 18 de março, versão corroborada por um consultor do MS, ela afirma que só enviou quatro dias depois, 22/3. “Tenho como provar”, afirmou.

Também desfez a suspeita de sobrepreço, em que o custo por dose da vacina teria sido acrescido em 50%, de 10 pra 15 dólares. O preço menor constava numa memória de reunião, e não em proposta, mas era apenas uma estimativa. Naquela ocasião, a vacina ainda não havia sido “precificada”. Quando isso aconteceu, variava de 15 a 20 dólares a unidade para exportação.

Perguntado por Renan Calheiros se o Ministério teria tentado diminuir o preço, deu a resposta que desconsertou o relator: “Por diversas vezes, por diversas vezes”.

Quanto às invoices enviadas com erros – previsão de pagamento antecipado, por exemplo – , ela afirmou que, na verdade, houve favorecimento ao Brasil Nos demais países, o pagamento foi antecipado. O documento, segundo ela, era um rascunho padrão enviado pelo laboratório indiano. Alertada de que a invoice estava em desacordo com o contrato, ela corrigiu de imediato.

Apesar das tentativas de constrangimento, que não partiu apenas da ala misógina da comissão, ela se manteve muito firme. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) chegou a insultá-la ao insinuar que ela poderia estar sendo usada como uma “mão de gato”. E nem se deu ao trabalho de explicar a expressão para a moça de 24 anos, “idade de ser minha filha”.

Ao fim da sessão, houve bate-boca entre Flávio Bolsonaro e Renan Calheiros, um acusando o outro de usar laranja em esquemas ilegais.

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