Bolsonaro não para de fazer política nem no hospital

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Bolsonaro é mais doido que o Jânio Quadros, disse um amigo em relação ao reboliço que o PR provocou no hospital, visitando pacientes, dando entrevista pro Sikeira “e ainda meteu o aço no gasguita”. Sem falar na live, de dois minutos, para não perder o hábito. O homem não se aquieta nem quando internado.

Diante da boa notícia de que talvez não seja necessária a intervenção cirúrgica para tratar da obstrução intestinal, Bolsonaro não parou de fazer política. A própria circunstância dos problemas de saúde foi explorada ao extremo.

Com imagens que apontam para o martírio – o mítico – , suas redes sociais não deram trégua. Houve contra-ataques, que vieram de espíritos que trafegam pelas mais profundas franjas da maldade humana, desejando-lhe morte das piores. Desumanos.

Hoje mesmo, Hélio Schwartsman, articulista da Folha, tão inteligente quanto canalha na argumentação, escreve que “Continuo na torcida” pela morte de Bolsonaro. Tenta dar elegância à sua enviesada argumentação com a corrente filosófica do consequencialismo.

Segundo suas próprias palavras, “comportamentos e ações devem ser valorados pelos resultados que produzem, não por estarem em acordo ou desacordo com noções absolutas de bem e mal (deontologia)”.

Se as atitudes de Bolsonaro produzem resultados positivos, ou neutros, viva! Mas, se considero os resultados negativos, tenho motivo para desejar sua morte. Mas o diabo mora nos detalhes, não é mesmo? Quem vai valorar as atitudes do presidente? Ao fim, se julgo que ele faz muito mal ao país, posso executá-lo?

Alguém aí se lembra de Adélio Bispo? Schwartsman dá embasamento filosófico para o gesto do ex-militante do Psol, cujos advogados nem deveriam apelar para sua insanidade mental, que o torna inimputável. Na verdade, seria o herói do povo brasileiro, se tivesse atingido seu objetivo: livrar a nação de tamanho malefício.

No extremo da corrente filosófica, onde o colunista foi buscar amparo para sua atitude abjeta, eu poderia torcer para que ele desaparecesse da terra para não estimular, com sua escrita, que outros deixem de ser humanos.

O mal-estar do presidente atiçou uma matilha de animais cegos e sedentos por violência. Não é à toa que prospera entre eles a cultura do cancelamento, que não passa de uma ode à morte. Há uma gradação, que vai do achincalhamento, da execração pública, ao linchamento. Degradação humana.

Grupos se especializam nesse tipo de patrulha, militando pela morte – seja pela perda do emprego em algum veículo de comunicação ou na pressão sobre os patrocinadores. Seguidores de Tânatos, que têm a pulsão da morte como motor de suas vidas, põem-se a deletar os que pensam diferentemente, os que não fazem genuflexão ao politicamente correto.

Bolsonaro se enquadra no physique du rôle do principal personagem perseguido por essas hordas, que hoje incluem também as chamadas big techs (Facebook, YouTube, Twitter). Por isso não param de lhe pespegar rótulos, sem aderência, como racista, misógino, homofóbico e, por último, genocida.

Com isso, justifica-se o desejo pela morte. Por essa gente, o presidente seria queimado em fogueiras, como um herege da Idade Mídia.

Mas a grande maioria de nosso povo comunga dos mesmos valores – cristãos, conservadores – que ajudaram a eleger Bolsonaro. Há também os que oram e clamam por sua recuperação. Termino com uma frase emocionante de um garotinho que vi na internet. Antes, honro a memória de Gonzaguinha: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita e é bonita”.

Levante, capitão, o Brasil precisa de você.

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