Lula perde Ciro para Bolsonaro
Depois de jurar amor eterno – “fico com Lula até o fim” -, Ciro Nogueira cai nos braços de Bolsonaro e se muda de mala e cuia para a Casa do presidente. Sem se conter com a traição, Lula foi destilar sua dor de cotovelo nas redes sociais, falando mal do ex-aliado: “Qual é a nova política dele, ficar refém do Centrão? Nogueira é corrupção.”
Lula, o governo mais corrupto da recente história (mensalão/petrolão), logo ele, tenta tirar onda com o Bolsonaro, falando em corrupção. Condenado duas vezes, em três instâncias, por corrupção e lavagem de dinheiro, livre de forma espetaculosa pelo beneplácito de companheiros que ele implantou no STF e outro agregado (Gilmar Mendes). É falar de corda em casa de enforcado.
A manobra política de Bolsonaro, que desagrada parte de sua base original, demonstra habilidade que muitos julgavam escassa no seu perfil. Ao trazer o Centrão para casa (pasta sem orçamento vistoso), desarma arapucas que a oposição ardilosa tenta espalhar no Senado, refreia a tendência deste segmento político de apoiar Lula e ainda organiza o time para aprovar as propostas que tramitam no Congresso.
Só em destravar a pauta no Senado já será um avanço. Uma delas redesenha o Bolsa Família com reajuste superior a 50% do benefício deixado por Lula. Com a retomada da economia e a volta do emprego, será difícil vencer o presidente. Isso tem provocado frenesi nas hostes oposicionistas. Tanto de Lula, que mal disfarça o ciúme, como de Ciro que vaticinou um mandato inferior a um ano para o presidente, exatamente pela falta de habilidade política de Bolsonaro.
O que Lula não entende, ou faz que não, é que os cargos ocupados pelo Centrão são mais de cunho político, sem muito impacto orçamentário. Não é um ministério de Minas e Energia ou de Infraestrutura, por exemplo. Nem mesmo a Petrobrás que, na era da grande roubalheira, funcionava como um condomínio, em que cada partido tinha uma diretoria para chamar de sua e explorar contratos por onde jorrava a propina.
Era tudo aparelhado, até subsidiárias, como a Transpetro, onde o cearense Sérgio Machado pontificava, para enriquecimento próprio e de seu padrinho político, o atual relator da lulista CPI da Covid, Renan Calheiros. Esse foi o caminho perseguido por Lula que o levou ao presídio. Depois de comprar os parlamentares, num dos maiores atos antidemocráticos, criou a República dos Larápios, roubando e deixando os outros roubar.
Sem atingir Bolsonaro com narrativas de genocídio na pandemia, Lula, por si e seus ventríloquos na imprensa e no parlamento, tenta inocular no imaginário popular a suspeita de corrupção no governo. Afinal, ninguém passa dois anos e meio no poder sem se entregar aos desmandos. É só procurar, que acha. Até agora, todos os esforços em vão.
Depois da segunda dose, mas ainda sem imunidade às dores do coração, Lula poderia apelar aos Barões da Pisadinha para mandar recado a Ciro, que está dormindo de conchinha no Planalto: “Eu já te superei, certeza eu superei, mas não mande mensagem se não recairei”. Na verdade, deve estar ouvindo é “Volta por Baixo”, da dupla sertaneja Henrique e Juliano: “Cadê o melhor que eu que você arrumou? Cê deu foi volta por baixo, meu amor.”