Cartão vermelho para Roberto Cláudio

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Roberto Cláudio já estava no aquecimento, escalado para ser a estrela do time na próxima temporada, com palavras de incentivo do técnico: “O melhor nome, aclamado pela torcida”. Mas passou da euforia à incerteza com notícias que vieram do departamento médico. No diagnóstico, suspeita de que sua gestão pode ser sido infectada pelo vírus da corrupção.

A Policia Federal deu cartão vermelho para o ex-prefeito Roberto Cláudio na gestão da pandemia em Fortaleza. Indícios de superfaturamento, licitação dirigida e compra muito além do necessário. Esse rol de irregularidades está centrado em apenas um equipamento (monitor), que consumiu 25% de toda a verba, do hospital de campanha. Isso pode vetar sua participação na disputa, antes mesmo de entrar em campo.

Ninguém entendeu a pressa da Prefeitura de Fortaleza para demolir o hospital de campanha erguido no gramado do estádio Presidente Vargas, para atendimento de urgência aos acometidos pela covid. Pelo que diz a PF, tudo leva a crer que era destruição de provas. O uso de organização social para gerir serviço público tem como objetivo dar mais agilidade e diminuir custos. Deu-se o contrário com a OS que geriu o hospital de campanha de Fortaleza.

Para 200 leitos, compraram mais de 300 monitores multiparamétricos, perfazendo 50% além da demanda e com preço bem superior ao do mercado. Segundo a PF, na comparação de compra direta para secretarias da saúde de Teresina e João Pessoa, o preço dos de Fortaleza superou aos da demais prefeituras em mais de R$ um milhão.

A atuação de Roberto Cláudio já tinha sido contestada na compra dos respiradores pelo preço quatro vezes acima do que foi adquirido pela União. Sob forte marcação, seu desempenho foi afetado na linha de frente. Vacilou na frente dos zagueiros ao pagar adiantado a uma empresa inidônea. Tudo isso seria esquecido se ele tivesse estufado as redes adversárias. Mas o gol não veio. Nem vieram os respiradores, frustrando a torcida.

A construção do hospital de campanha por cima de pau e pedras, com preço alto, foi vista como jogada de efeito. Afinal, era para salvar vidas. Mas, dois meses depois, bem antes do fim da temporada, não restara pedra sobre pedra. Quando veio a segunda onda, ficou patente que o médico era incompetente. Como destruir o hospital se todos os estudiosos apontavam para a segunda onda? Ou muita incompetência ou muita sabedoria.

O aliado no governo estadual, que sempre fez tabelinha com Roberto Cláudio, teve que colocar a bola no chão para fazer frente ao recrudescimento da pandemia. Viu-se obrigado a desapropriar o Hospital Albert Einstein, o que não seria necessário se hospital de campanha ainda estivesse em campo.

Os carros de preto visitaram vários endereços ligados à gestão de Roberto Cláudio. Com a PF no seu encalço, recebeu o primeiro cartão amarelo. Ele, porém, foi salvo pelo VAR. Agentes da PF e da CGU não conseguiram identificar o uso de recursos federais no escândalo dos respiradores e passaram a bola da investigação para o Ministério Público do Estado. Diante de uma equipe mais frágil, o ex-prefeito se achou livre para avançar pelas pontas.

Nova investida da PF, no entanto, embolou o meio de campo, e complica a situação do menino prodígio, que se elegeu deputado com poucos votos, ganhou a presidência da Assembleia e se tornou prefeito graças à obediência cega à orientação do técnico. Roberto Cláudio, o nome apontado pelas pesquisas como mais promissor na equipe do FG Esporte Clube, pode ser vetado antes mesmo de ser apresentado à torcida.

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